São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Alvo de protestos, Bento 16 inicia visita

Papa chega ao Reino Unido e enfrentará atos antipedofilia, críticas por altos custos e apatia geral do público

Líder do Vaticano vai canonizar ex-anglicano; tensão entre as duas correntes cristãs tem crescido recentemente

DylanMartinez/Reuters
Mulheres que dizem ter sido abusadas por padres protestam contra Bento 16, na Escócia

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O papa Bento 16 chega hoje ao Reino Unido para visita de quatro dias em meio à apatia da população e a ameaças de protestos de grupos descontentes com o modo como o Vaticano lida com casos de abuso sexual cometidos por padres.
É a segunda visita de um papa ao país. A primeira foi a de João Paulo 2º, em 1982, quando a Igreja Católica contava com mais popularidade.
Bento 16 participará de quatro grandes eventos com a presença de público: em Edimburgo e Glasgow, na Escócia, e em Londres e Birmingham, na Inglaterra.
Em Glasgow, os organizadores não conseguiram vender ingressos para os 100 mil lugares disponíveis. Os preços chegavam a R$ 55.
A expectativa é a de que 65 mil pessoas compareçam. Na visita de João Paulo 2º à mesma cidade, 250 mil foram acompanhar a missa papal.
Pesquisas divulgadas por jornais e redes de TV mostram que 79% dos entrevistados dizem não ter interesse pessoal na visita do papa.
Já 77% afirmam que o contribuinte não deveria bancar a viagem, que vai custar 20 milhões de libras (cerca de R$ 53 milhões). Do total, 12 milhões de libras sairão dos cofres do governo.
Mas o principal ponto de crítica é a questão dos abusos sexuais. Bento 16 deve visitar, sem alarde e longe da imprensa, vítimas de padres pedófilos. Ele fez o mesmo na Austrália e em Malta.
Não é o que querem os que atacam o Vaticano por justamente manter a portas fechadas a questão dos abusos.
Eles pedem que o papa faça um pedido de desculpas formal pelos cerca de 10 mil casos de pedofilia cometidos por padres católicos.
Para o sábado, está programada uma grande passeata pelo centro de Londres para protestar contra a pedofilia, o veto da igreja ao uso de camisinhas e sua condenação aos gays.

LONDRES, 3º MUNDO
O papa aproveitará a visita para canonizar John Henry Newman (1801-1890), ex-protestante que se converteu ao catolicismo. Terá também um encontro com o chefe espiritual da Igreja Anglicana.
Há vários pontos de conflito entre essas duas correntes do cristianismo, principalmente no que se refere a mulheres (que entre os anglicanos podem ser ordenadas padre e em breve bispo) e homossexuais (também aceitos na Igreja Anglicana)
Se já não bastassem as polêmicas, Walter Kasper, conselheiro do papa, colocou mais lenha na fogueira ao dizer em entrevista que chegar a Londres é como aterrissar no Terceiro Mundo.
Ele estava na comitiva do papa, mas ficou de fora, supostamente por problemas de saúde. O Vaticano disse que a menção era à composição multiétnica do país.


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