São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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Principais BCs anunciam crédito a bancos europeus

Ação conjunta desse tipo também foi adotada nas semanas logo após a quebra do Lehman Brothers

Exposição a países com alto risco de moratória tem dificultado os empréstimos para as instituições europeias

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Em uma medida que lembra as adotadas logo após a quebra do Lehman Brothers, há três anos, cinco bancos centrais de países ricos anunciaram ação conjunta para garantir liquidez a instituições financeiras europeias.
Os BCs da zona do euro, EUA, Japão, Reino Unido e Suíça vão, nos próximos três meses, fornecer uma linha ilimitada em dólar para os bancos europeus, cada vez mais com dificuldade de acesso a crédito.
O empréstimo tem prazo de três meses para ser pago, com taxas fixas, e os bancos podem levantar quanto desejarem, desde que apresentem garantias para quitá-lo.
A ação coordenada vem para ajudar os bancos europeus que estão com dificuldades para conseguir financiamento por meio de fontes tradicionais, especialmente de longo prazo, devido ao temor da exposição dessas instituições com a dívida de países que podem dar calote.
Esse tipo de anúncio, envolvendo BCs de diversos países, foi comum nas semanas que se seguiram à quebra do banco de investimento americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.
O grande temor é que os bancos europeus parecem estar sendo arrastados para uma nova crise à medida que as autoridades da zona do euro não conseguem chegar a uma solução definitiva para a crise da dívida da região.
Com acesso cada vez mais restrito a crédito, eles podem também frear os empréstimos a consumidores e empresas, no que seria mais um difícil desafio para a retomada da economia.
Um sinal desse problema é que nesta semana dois bancos recorreram a uma linha em dólar do BCE (o BC dos 17 países da zona do euro), a segunda vez que isso ocorre em um mês -a linha não vinha sendo usada desde fevereiro.
Como essa linha cobra taxa maior que a de mercado, isso aponta dificuldades dos bancos de conseguir crédito.
Outro indicador das dificuldades é que a União Europeia decidiu adiar para o ano que vem a adoção de regras mais rigorosas sobre a ajuda estatal para bancos.
Para o espanhol Joaquín Almunia, comissário da UE para concorrência, "não seria seguro" colocar em vigor agora as medidas.
Em 2008, o bloco abrandou a regulação de auxílio a bancos, permitindo que governos colocassem centenas de bilhões de euros no setor.

REAÇÃO
A operação dos BCs ajudou o euro a se valorizar ante o dólar e também as Bolsas, especialmente as europeias, a fechar o dia em alta, puxadas pelas ações de bancos.
A Bolsa de Paris subiu 3,27%, e a de Frankfurt, 3,15%. Londres teve alta de 2,11%.
Os papéis do BNP Paribas foram um dos principais destaques, com valorização de 13,4%, e os do também francês Société Générale se expandiram em 5,4%. Bancos alemães e espanhóis também tiveram um dia de alta.
O UBS, envolvido em escândalo de fraude, foi o único dos grandes bancos europeus a ter queda nas ações.
Com o "Financial Times"



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