São Paulo, Sábado, 16 de Outubro de 1999
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PRÊMIO
Médicos sem Fronteiras recebe Nobel da Paz

FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

A ONG (organização não-governamental) Médicos sem Fronteiras recebeu ontem o Prêmio Nobel da Paz de 1999 "por sua ajuda humanitária em vários continentes".
A organização foi fundada por um grupo de médicos franceses em dezembro de 1971 para tratar doentes e combater violações aos direitos humanos onde elas ocorram.
O comitê do prêmio disse que recompensou o princípio básico do grupo, de que "todas as vítimas de desastres de origem humana ou natural têm direito a uma assistência profissional realizada com rapidez e com a maior eficiência possível".
O comitê concedeu um prêmio em dinheiro no valor de US$ 980 mil.
Para o presidente do Conselho Internacional da organização, o canadense James Orbinskyele, o prêmio é um reconhecimento não apenas pela ação humanitária da instituição em 80 países, mas também por sua independência em relação a Estados, Exércitos, influências econômicas, religiosas ou de outra natureza.
"O Nobel é um prêmio para a dignidade do homem, que nós perseguimos sem obedecer a nenhuma lei ou política", afirmou à Folha o canadense Orbinsky.
Cerca de 10 mil voluntários já deram sua contribuição a seu trabalho humanitário.
Atualmente, há cerca de 2.000 atuando nas unidades da instituição em 80 países, entre eles o Brasil, onde a organização tem missões no Rio e em Manaus.
Há missões em 19 áreas de conflito, entre elas Timor Leste, Iugoslávia e Angola. A missão que atuava na região russa da Tchetchênia deixou o local por avaliar que havia risco de morte para os voluntários.
Na Tailândia, em 1975, foi criada a primeira missão da instituição para ajudar refugiados de guerra. No Líbano, em 1976, a entidade deu início a suas "missões de guerra", em áreas conflituosas.
Com um orçamento anual de cerca de US$ 250 milhões, a organização recebe doações de pessoas físicas e jurídicas.
Cerca de 80% desse orçamento é utilizado com os programas, que podem ser de guerra, de atendimento a refugiados, de vacinação (em casos de epidemias), de reconstrução (em caso de catástrofes naturais) e de formação de agentes de saúde.
A organização gasta 8% de seus recursos com captação de fundos, 7% com a administração geral da instituição e 3% com campanhas de sensibilização.
Para ser voluntário da Médicos sem Fronteira, o critério de aprovação é basicamente a motivação, afirma Pascal Frenaut, responsável pelo marketing do grupo.



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