DA REDAÇÃO

A menos de três semanas da eleição presidencial americana, as pesquisas indicam que o candidato independente Ralph Nader poderá desempenhar um papel fundamental na definição do vencedor em nove Estados.
O nome do candidato vai aparecer na cédula em mais de 30 Estados (nos demais, o eleitor precisará escrever ou digitar o seu nome se quiser dar a ele seu voto), incluindo Colorado, Flórida, Iowa, Maine, Minnesota, Nevada, New Hampshire, Novo México e Wisconsin -onde o presidente George W. Bush e o democrata John Kerry estão empatados.
Apesar de aparecer nas pesquisas com apenas 1% das intenções de voto, Nader poderá influenciar o resultado, tirando votos de Kerry e provocando a vitória de Bush nesses Estados. Pelas leis eleitorais americanas, os votos do Estado no Colégio Eleitoral não são divididos proporcionalmente em relação à votação que os candidatos têm -o que vale é a regra "o vencedor leva tudo".
Nesta semana, Nader voltou a descartar uma renúncia em favor de Kerry. "Ele não é dono de si mesmo, pois acha que a esquerda votará automaticamente nele e permite que Bush o atraia em sua direção. Isso não enobrece o seu caráter", acrescentou.
Pesquisa Reuters/Zogby divulgada ontem aponta que o presidente abriu uma vantagem de quatro pontos percentuais sobre Kerry. Pelo levantamento, que ouviu 1.220 prováveis eleitores, Bush tem 48%, Kerry, 44% e Nader, 1% (a margem de erro é de 2,9 pontos). "A boa notícia para o presidente é que seu desempenho melhorou dentro do pequeno grupo dos indecisos", disse John Zogby, responsável pela pesquisa.
Após ter tido um desempenho considerado inferior nos debates, o presidente procurou minimizar os confrontos na televisão. "Os analistas e consultores políticos têm suas opiniões. Mas só uma tem importância: a do povo americano no dia 2 de novembro. Estou entusiasmado quanto às minhas chances", disse Bush anteontem ao fazer uma rara visita à seção do avião presidencial em que viajam os jornalistas.
Em Milwaukee (Wisconsin), Kerry voltou a mencionar o nome do ex-presidente republicano Ronald Reagan (1981-1989) para criticar seu adversário. "Como Reagan disse certa vez, fatos são uma coisa teimosa. Bush teve quatro anos para fazer alguma coisa, mas ele desperdiçou a oportunidade."
Kerry também devolveu um ataque muito repetido nos últimos dias por Bush (que usa uma frase do pugilista Joe Louis, "você pode correr, mas não pode se esconder", para criticar o histórico dos votos do senador no Congresso). Em um comício em Iowa, o democrata repetiu, direcionando para Bush, o desaforo que Muhammad Ali desferiu no ringue a George Foreman, após levar uma série de golpes do adversário: "George, isso é o melhor que você consegue fazer?".