São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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Pai da "não-Constituição" defende evento

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a Autoridade Provisória da Coalizão, que governou o Iraque entre a invasão de março de 2003 e a eleição deste ano, precisou de um anteprojeto de Constituição, chamou Larry Diamond.
Professor de ciência política e coordenador do Programa de Democracia do conservador Instituto Hoover na Califórnia, Diamond, 52, é autor de mais de 20 livros sobre a implantação de regimes democráticos em países de Terceiro Mundo ou em transição.
Sobre sua experiência no Iraque, acaba de lançar "Squandered Victory" (vitória desperdiçada), com título auto-explicativo. Ainda assim, crê que o julgamento de Saddam possa dar exemplo. (SD)

 

Folha - Saddam Hussein vai ser condenado?
Larry Diamond -
Não sei. Mas acredito que as autoridades estão tendo o cuidado de reunir provas suficientemente boas para que, caso ocorra a condenação, seja vista com bons olhos não só pelos iraquianos como pelo mundo.

Folha - O sr. concorda com a decisão do julgamento público ou acha que pode "espetacularizar" o processo jurídico, à maneira dos julgamentos de celebridades nos EUA?
Diamond -
Concordo com a decisão, é importante para o processo de aprendizado político e de mudança de cultura no Iraque. Para construir uma democracia e uma sociedade que obedeçam às leis, o julgamento tem de ser o mais transparente possível.

Folha - O sr. é chamado pai da "Não-Constituição Iraquiana", o texto que é base da Carta provisória que vale até que a definitiva seja aprovada [o referendo aconteceria ontem]. O sr. não acha que um julgamento justo para Saddam Hussein fortaleceria o Judiciário iraquiano como um todo?
Diamond -
É vital que este julgamento seja visto como justo e transparente em todos os seus procedimentos, se queremos que o país passe a ter um sistema Judiciário realmente forte e independente e se queremos que o povo iraquiano seja esclarecido sobre todos os crimes cometidos por seu ex-presidente no passado.

Folha - Voltando à pergunta anterior, o sr. mudaria algo naquele projeto, se pudesse voltar atrás?
Diamond -
Escrevi um livro sobre o que mudaria no que acabou virando aquele meu projeto. Mas é um assunto interminável...


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