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Boca-de-urna aponta 2º turno no Equador
Em empate técnico, megaempresário de direita e ex-ministro esquerdista voltam a se enfrentar em 26 de novembro
Contagem de votos deveria terminar na noite de ontem; Correa diz que não aceitará resultado, que mostra maior força de Noboa na reta final
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A QUITO
O ex-ministro esquerdista
Rafael Correa e o megaempresário de direita Alvaro Noboa
disputarão o segundo turno das
eleições presidenciais do Equador, em 26 de novembro, apontam as três pesquisas de boca-de-urna divulgadas após o encerramento da votação de ontem, às 17h locais.
Os números foram considerados fraudulentos por Correa,
que disse ter sido eleito no primeiro turno, citando levantamento feito por seu partido,
Alianza Pais, e que não aceitará
o resultado se não for declarado
eleito no primeiro turno.
A contagem oficial dos votos,
sob cargo da empresa brasileira
E-Vote, deveria ser concluída
ainda ontem à noite.
De acordo com o instituto Informe Confidencial, Noboa obteve 28,53% dos votos válidos
nas eleições de ontem, pouco à
frente de Correa, com 26,61%.
Como a margem de erro é de 1,5
ponto percentual, trata-se de
um empate técnico. Para haver
um vencedor já no primeiro
turno, ele teria de ter ao menos
40% dos votos mais uma diferença de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.
As outras duas pesquisas de
boca-de-urna também indicam
Noboa e Correa no segundo
turno, com ligeira vantagem
para o "rei da banana", mas
dentro da margem de erro:
27,1% a 25,5%, no instituto Cedatos, e 28,23% a 27,17% na
pesquisa da empresa Market.
A grande diferença entre os
números de ontem e as últimas
pesquisas eleitorais é o crescimento de Noboa, já que Correa
aparecia em primeiro lugar na
maioria dos levantamentos dos
últimos dias, embora longe de
vencer no primeiro turno.
Vinte minutos após a divulgação da boca-de-urna, Correa
concedeu uma entrevista coletiva para contestar as pesquisas. "As pesquisas estão equivocadas, vencemos por ao menos
dois pontos percentuais", disse.
"A candidatura cidadã venceu
no primeiro turno."
Correa disse que todos os
institutos de pesquisa são ligados a candidaturas adversárias
e "sempre nos atacaram e manipularam informações".
"Muito cuidado, companheiros
da Alianza Pais e cidadãos do
país. Hoje, mais do que nunca, é
preciso estar atento à contagem de votos" afirmou.
"O triunfo foi da Alianza Pais.
Qualquer outra coisa significa
fraude e graves irregularidades.
O que estão tentando fazer é
criar uma atmosfera de que a
oligarquia ganhou para depois
ajustar os votos reais às pesquisas de boca-de-urna."
Desde anteontem, Correa diz
que seria vítima de fraude. Pediu a renúncia do ex-chanceler
argentino Rafael Bielsa como
chefe da missão de observadores da OEA (Organização dos
Estados Americanos), a quem
acusou de ser parcial.
A irritação de Correa contra
Bielsa ocorreu depois que, em
conversa com jornalistas equatorianos, o ex-chanceler criticou a principal proposta de
campanha do candidato esquerdista, que defende a convocação de uma nova Assembléia Constituinte.
Ex-ministro da Economia do
atual governo Alfredo Palacio,
cargo que ocupou por três meses, Correa, 43, vem fazendo
uma campanha de ataque contra a chamada "partidocracia".
Com forte discurso contra os
EUA, o economista se considera aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e propõe a revisão do contrato do Estado com as empresas petroleiras -entre elas, a Petrobras- e
a moratória da dívida externa.
Considerado o "rei da banana", Noboa disse, após a divulgação da boca-de-urna, que
Correa perdeu por causa de sua
aliança com Chávez.
"O povo acaba de dar a maior
cintada que podia em um amigo de terroristas, amigo de Chávez, amido de Cuba", afirmou,
aludindo ao slogan do esquerdista ("correa" é a palavra para
cinto em espanhol). Antes, havia dito que, se eleito, cortará as
relações com a Venezuela.
Concorrendo pela terceira
vez à Presidência, Noboa, 56,
fez uma campanha baseada na
distribuição de presentes e
num forte discurso religioso.
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