São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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Partido governista no Japão fala em desenvolver arma nuclear

DA REDAÇÃO

Um dos principais líderes do Partido Democrata Liberal (PDL), que está no poder no Japão, disse que seu país precisa discutir se deve ou não possuir armas nucleares, em resposta ao teste realizado pela Coréia do Norte na segunda passada.
Shoichi Nakagawa disse acreditar que o Japão deve manter sua política de não possuir armas nucleares, mas, acrescentou, "precisamos achar um modo de prevenir o país de ser atacado".
"Há um argumento de que armas nucleares são uma opção. Quero deixar claro que não sou o único a dizer isso, e o Japão irá se ater a seus princípios não-nucleares, mas precisamos ter discussões ativas", disse a uma rede de TV.
Nakagawa também disse que a Constituição do país não proíbe a posse de armas nucleares, acrescentando que ter tais armas podem reduzir ou erradicar o risco de o país ser atacado.
Enquanto alguns analistas aventaram a hipótese de o Japão ter armas nucleares em resposta ao teste realizado pelos norte-coreanos, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, rejeitou categoricamente a idéia.
Vítimas do ataque a Hiroshima pelos EUA, em 1945, condenaram as idéias de Nakagawa. "Sinto-me indignado com tais comentários feitos por alguém em uma posição de tanta responsabilidade", disse Sunao Tsuboi, da Confederação Japonesa das Organizações de Vítimas de Bombas Atômicas e de Hidrogênio.
"Como vítima de uma bomba atômica, não posso compreender a idéia de possuir armas nucleares... Pensar que, porque o outro lado fez, nós também podemos é muito frívolo", disse Tsuboi, 81.
O Japão segue seus auto-impostos "três princípios", que vetam a posse, a produção e a importação de armas nucleares. Políticos que, no passado, chegaram a questionar esse veto enfrentaram duras críticas.
Mas, confrontado com a ameaça dos programas nucleares e de mísseis da Coréia do Norte, o tabu nuclear está se tornando assunto público, e, agora, mais e mais parlamentares desafiam o veto sem receber a desaprovação que receberiam no passado.


Com agências internacionais


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