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Crescimento é prioridade, diz líder chinês
Ao abrir 17º Congresso do PC, Hu Jintao renova promessa de criar "sociedade moderadamente próspera" até 2020
Presidente fala em
democracia só para eleição
de dirigentes do partido e
descarta abertura política
rumo ao pluripartidarismo
Claro Cortes/Reuters
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Sob a foice e o martelo, integrantes do PC chinês esperam a abertura do congresso qüinqüenal |
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
À frente de um enorme símbolo da foice e do martelo, o
presidente da China, Hu Jintao, fez ontem uma enfática defesa da reforma e da integração
de seu país à economia global e
ressaltou que manter o ritmo
do crescimento econômico é
"prioridade máxima" do Partido Comunista.
"O desenvolvimento rápido é
a mais destacada conquista
[dos últimos cinco anos]", disse
Hu, que é secretário-geral do
PC, no discurso de duas horas e
25 minutos com o qual abriu o
17º congresso partidário, em
Pequim.
Tanto Hu quanto seu antecessor, Jiang Zemin -com
quem o presidente trava uma
disputa de poder dentro da legenda-, destacaram em suas
falas a intenção do governo de
quadruplicar o PIB per capita
entre 2000 e 2020, quando a
China se transformaria em
uma sociedade "moderadamente próspera".
A renda per capita atual equivale a cerca de US$ 2.000 e a
meta é passar de US$ 5.000.
Numa fala recheada de referências ao marxismo, diante
dos 2.200 delegados do partido,
Hu descreveu o processo de
modernização como uma etapa
da "grande causa da construção
do socialismo" iniciada com a
fundação da República Popular
da China, em 1949.
Ele ressalvou que o crescimento econômico deve ser
temperado pela teoria do "desenvolvimento científico", com
a adoção de um modelo que implique menor consumo de recursos naturais e de energia e
melhor distribuição de renda.
O crescimento das últimas
três décadas gerou um desastre
ambiental na China, com a contaminação da maioria dos rios,
chuva ácida em 30% do território e a multiplicação de mortes
provocadas pela poluição.
Com sua teoria, Hu deixa sua
marca no discurso oficial do
partido, mas também mira seu
antecessor. Originário de Xangai, cidade-símbolo da China
globalizada, Jiang Zemin é
identificado com a próspera
costa leste e a política do crescimento a qualquer preço.
Monopólio do PC
Apesar das divergências, o
discurso de Hu teve muitos
pontos em comum com o realizado por seu antecessor ao
abrir o 16º Congresso do partido, há cinco anos. Ambos defenderam o império da lei e o
aumento "ordeiro" da participação política popular, elementos do que classificam como
"democracia socialista".
O atual presidente foi além
ao defender maior transparência e reformas que tornem mais
competitivas as eleições internas do partido. Nada, no entanto, que ameace o modelo de
partido único. Hu deixou claro
que a China continuará a ser
conduzida exclusivamente pelo PC, que permanecerá "o centro que dá direção à situação
geral e coordena os esforços de
todos os quadrantes".
Hu defendeu ainda iniciativas de apoio à população rural
(57% da população chinesa) e o
desenvolvimento de um sistema de seguridade social. A ausência de uma rede de proteção
social, o rápido aumento da desigualdade de renda e as disparidades regionais estão entre as
principais causas do agravamento da tensão social, que
torna o slogan da "sociedade
harmoniosa", lançado por Hu,
cada vez mais distante.
A mudança no padrão de desenvolvimento proposta no
discurso repete elementos do
11º Plano Qüinqüenal (2006-2010), que prevê o aumento do
peso do consumo interno no
crescimento do PIB.
Até hoje, os principais fatores que impulsionam a expansão chinesa são investimentos
e exportações, o que cria desequilíbrios, como o enorme superávit comercial, que deve fechar o ano em valor próximo de
US$ 300 bilhões.
O conceito de "desenvolvimento científico" deverá ser incorporado à Constituição do
partido, por meio de uma
emenda a ser aprovada durante
o congresso, que termina no
domingo. Com isso, Hu Jintao
ficará ao lado dos líderes chineses que o antecederam e deixaram sua contribuição teórica:
Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping e
Jiang Zemin.
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