São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CONFRONTO FINAL

McCain esquenta debate com ataques

Atrás nas pesquisas, republicano acusa Obama de estimular "luta de classes", de fazer campanha suja e pretender aumentar impostos

Democrata mantém a calma e diz que a propaganda do adversário é "100%" negativa; mediador levanta sua relação com ex-radical

Gary Hershorn/Reuters
Obama e McCain no debate mais intenso dos três da campanha; o encanador Joe Wurzelbacher foi citado 26 vezes

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A HEMPSTEAD (NOVA YORK)

John McCain não "chicoteou o você-sabe-o-quê" de Barack Obama no terceiro e último debate entre os dois candidatos à sucessão americana, como prometera no domingo, mas o republicano foi mais agressivo, irônico e direto do que nos outros dois encontros. No jargão político local, "tirou as luvas".
Obama começou por conectar McCain a George W. Bush, presidente campeão de impopularidade. A resposta veio logo. "Senador Obama, eu não sou o presidente Bush. Se você queria concorrer com ele, deveria ter feito isso há quatro anos", disse o republicano, numa frase ensaiada e de bom efeito. "Darei uma nova direção à economia do país."
Já Obama manteve a estratégia que se mostrou vitoriosa nos outros debates. Manteve-se sóbrio, mas respondendo às acusações com firmeza. Uma delas foi a de que queria promover a "luta de classes" com seu plano de corte de impostos para a classe média e aumento para quem ganha mais de US$ 250 mil -de novo, a crise econômica que engolfa o país dominou os 90 minutos do confronto na universidade Hofstra, em Hempstead, a 40 minutos de Manhattan.
"Até a Fox News contesta isso, e isso não acontece muito freqüentemente quando se tratam de acusações a meu respeito", respondeu Obama, referindo-se à emissora conservadora.
Instados pelo mediador, o jornalista Bob Schieffer, da CBS, os candidatos tentaram justificar a escalada no tom da campanha. McCain sugeriu que, se Obama tivesse concordado com mais encontros entre os dois, isso não teria ocorrido.
Obama rebateu. "100% dos seus anúncios são negativos, John", disse. "Eu não me incomodo em ser atacado nas próximas três semanas, mas o povo americano não pode agüentar mais quatro anos de políticas fracassadas."
Outro ponto polêmico, levantado pelo próprio mediador, foi a ligação de Obama com o ex-ativista radical de esquerda Bill Ayers, que pontua os anúncios negativos de McCain e as falas de sua vice, Sarah Palin, em comícios. "Eu não ligo para um velho terrorista desgastado", disse McCain. "Mas nós precisamos saber a dimensão desse relacionamento."
Obama repetiu que tinha oito anos quando os atos de terrorismo doméstico de que Ayers participou aconteceram e foi taxativo: "Ele não está envolvido em minha campanha. Ele nunca esteve. E ele não vai me aconselhar na Casa Branca".


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