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Guerra sem limite
Bush deu seu aval por escrito a afogamento em interrogatórios
Casa Branca mandou ao menos dois memorandos à CIA autorizando tortura em suspeitos de terrorismo, diz jornal
Agência cobrou anuência formal da Presidência para poder usar o método
ao interrogar supostos integrantes da Al Qaeda
DA REDAÇÃO
Ao menos duas vezes, o governo Bush aprovou por escrito
o uso, pela CIA, de métodos de
interrogatório em suspeitos de
pertencer à rede terrorista Al
Qaeda como o "waterboarding", técnica na qual prisioneiros são submetidos a simulação de afogamento, qualificada como tortura por organizações de direitos humanos.
A revelação foi feita ontem
pelo jornal "Washington Post".
A publicação ouviu quatro fontes no governo e na inteligência, que têm conhecimento dos
dois memorandos secretos,
emitidos pela Casa Branca à
CIA em 2003 e 2004.
Eles alegaram não poder detalhar o teor dos memorandos,
que continuam secretos.
Mas, na condição de não serem identificados, relataram
que, sobretudo após denúncias
dos abusos na prisão iraquiana
de Abu Ghraib, os membros da
CIA tinham a preocupação de a
Casa Branca posteriormente se
afastar das decisões acerca do
tratamento aos detidos suspeitos de integrar a Al Qaeda.
Por isso, demandavam um
compromisso por escrito ligando o governo à sua maneira de
conduzir os interrogatórios.
Mesmo após receberem uma
primeira permissão, insistiram
para que fosse reiterado, em
novo documento.
A ansiedade da CIA pela edição de um documento com a
anuência formal da Casa Branca aos interrogatórios se devia a
lacuna em documento secreto
anterior. Em 15 de setembro de
2001, Bush assinara "memorando de notificação" no qual
autorizava a CIA a conduzir a
guerra contra a Al Qaeda, inclusive matando ou capturando
seus membros. Mas o documento não trazia normas sobre
a conduta de interrogatórios.
No início de 2002, o Departamento de Estado aprovara os
métodos da agência. Nos meses
seguintes, houve reuniões em
que a cúpula da CIA expôs à
equipe da Casa Branca -incluindo a então conselheira de
Segurança Nacional e hoje secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o vice-presidente
Dick Cheney- sua conduta.
No Legislativo
Em declaração a investigadores do Congresso há um mês,
Rice confirmou os encontros e
disse que o ex-diretor da CIA,
George Tenet, pressionava por
"aprovação de política".
Ela sustentou que o governo
sabia de "técnicas físicas e psicológicas de interrogatório" e
que questionou sua legalidade.
A técnica de simulação de
afogamento é considerada um
método de tortura por organizações de direitos humanos.
Bush, porém, defende sua legalidade e a sua necessidade e, em
março deste ano, vetou projeto
de lei aprovado pelo Congresso
que proibia o uso da técnica.
Ontem, o democrata Jay
Rockefeller, presidente da Comissão de Inteligência do Senado, disse que é "inaceitável" a
Casa Branca -que não comentou a reportagem- ocultar os
memorandos do órgão.
Com agências internacionais
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