São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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Israel autoriza construções em Jerusalém Oriental

Governo israelense dá luz verde a licitação de 238 novas casas em colônias

Medida põe fim a suspensão extraoficial na cidade e compromete as frágeis conversas de paz com os palestinos

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Israel voltou a autorizar novas construções em Jerusalém Oriental, o setor da cidade ocupado em 1967, após quase um ano de obras discretamente paralisadas.
O Ministério da Habitação publicou licitação para construir 238 unidades habitacionais nos assentamentos de Pizgaat Zeev e Ramot, pondo fim a um congelamento não oficial imposto pelo governo israelense sob pressão dos Estados Unidos.
A liderança palestina, que já ameaçava abandonar a mesa de negociações em protesto contra o fim da moratória israelense de construções na Cisjordânia, reagiu com pessimismo.
"Este é um sério golpe nos esforços dos EUA e da ONU para evitar o colapso do processo de paz", disse o principal negociador palestino, Saeb Erekat. "Mais uma vez Netanyahu escolheu assentamentos e não a paz."
As negociações estão sob impasse desde o último dia 26, quando Israel rejeitou prorrogar a moratória de dez meses sobre construções na Cisjordânia.
Oficialmente, a medida não incluía Jerusalém Oriental, que Israel anexou e considera parte de sua capital, mas na prática as obras pararam por falta de licenças.
No ano passado, o anúncio de novas construções no setor oriental durante uma visita à cidade do vice-presidente norte-americano, Joe Biden, azedou as relações EUA-Israel.
Segundo o jornal "Yediot Ahronot", para evitar uma nova crise a construção em Jerusalém Oriental desta vez foi comunicada de antemão ao governo americano, que conseguiu reduzir de 600 para 238 o número de casas autorizadas.
Mesmo em escala mínima, a construção em Jerusalém dificulta os esforços de Washington para achar uma fórmula que mantenha vivo o processo de paz reiniciado há menos de dois meses.
Os palestinos, apoiados pela ONU, não veem diferença entre Cisjordânia e Jerusalém Oriental, afirmando que ambas são áreas ocupadas.
Em Israel, a distinção é consenso não só no governo, mas entre a grande maioria da população, que vê Pizgaat Zeev e Ramot como "bairros" de Jerusalém, não assentamentos ilegais.
Nesta semana, por exemplo, a Prefeitura enviou aos moradores uma revista detalhando o estágio final de construção do trem de superfície, um projeto que se arrasta há anos e deve ser finalmente inaugurado em 2011.
Na revista da Prefeitura, Pizgaat Zeev é mostrado como um dos destinos do novo trem, como qualquer outro bairro de Jerusalém.


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