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Reino Unido investiga morte de deportado
Jimmy Mubenga, angolano, morreu
dentro de avião da British Airways
Para governo britânico,
imigrante passou mal;
testemunhas afirmam
tê-lo ouvido gritar que
não conseguia respirar
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
A polícia britânica decidiu
investigar as causas da morte
de Jimmy Mubenga, um angolano de 46 anos que morreu terça-feira dentro de um
avião da British Airways
quando estava sendo deportado do país.
Mubenga estava acompanhado de três seguranças de
uma empresa privada, contratada pelo governo britânico para levá-lo até Luanda,
capital de Angola.
O governo federal e a empresa de segurança afirmaram em nota que Mubenga
passou mal dentro do voo e
que foi levado a um hospital,
onde chegou morto.
Mas testemunhas que estavam no mesmo avião e falaram com o jornal "The
Guardian" disseram ter ouvido o angolano gritar por socorro, que não conseguia respirar e que eles (os seguranças) queriam matá-lo.
Disseram também que viram os três seguranças sobre
o angolano tentando contê-lo e mantê-lo sentado.
Ainda segundo as testemunhas, após muito se debater e gritar, Mubenga ficou inconsciente.
O avião ainda não havia
decolado e foram chamados
paramédicos, que o levaram
para um hospital.
16 ANOS
Mubenga se mudou com a
mulher e um filho pequeno
para o Reino Unido em 1994.
Alegou ser um líder estudantil em seu país, sofrer perseguição política e correr risco
de morte.
Obteve permissão para ficar. Trabalhou como motorista de caminhão, e o casal
teve outros quatro filhos. O
mais novo tem sete meses.
Em 2006, ele foi condenado a dois anos de detenção
por lesão corporal devido a
uma briga em um bar.
Começaram aí seus problemas com a imigração.
Mubenga saiu da cadeia e
foi direto para um centro de
detenção de imigrantes ilegais. Desde então, passava
tempos em casa, tempos detido.
Em agosto, perdeu, na Suprema Corte, o último recurso para tentar permanecer no
país. Tinha então de comparecer ao centro de imigração
todas as segundas-feiras.
Na última segunda, não
voltou mais para casa e foi informado sobre a data de sua
deportação.
Na terça-feira, já dentro do
avião, foi permitido que ligasse uma última vez para a
mulher.
"Ele estava muito triste e
apenas dizia: eu não sei o que
eu vou fazer. Depois, pediu
que eu desligasse, que ele ligaria depois. Mas nunca ligou", disse Makenda Kambana, mulher de Mubenga.
Segundo ela, Mubenga tinha muito medo de voltar para Angola, onde, afirma, ainda era perseguido.
"Lá, mataram meu pai, e
ele sabia que também o matariam. Ele não queria nos
deixar. Nem a mim, nem as
crianças. Elas, agora, só choram", afirmou.
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