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Voto para retirar político cresce nos EUA
Neste ano, 16 prefeitos já foram alvo de movimento para revogação de seus cargos
LUCIANO BOTTINI FILHO
DE SÃO PAULO
A menos de um mês para
as próximas eleições parlamentares nos EUA, alguns
eleitores americanos estão
ocupados com um tipo inverso de votação, o "recall".
Criado para "demitir" os
eleitos que não desempenham bem o mandato, o "recall" ocorre após ser feito um
pedido de plebiscito por um
percentual de eleitores que
elegeram o candidato e decidiram voltar atrás.
Neste ano, 16 prefeitos já
foram alvo de pedidos de revogação, nem sempre por incompetência ou corrupção.
O procedimento é válido em
29 Estados.
Hoje, com as redes sociais
na internet e a crise econômica, o "recall" deixa em alerta
os gabinetes americanos.
"Nós vimos um incremento no "recall" em 2009 e 2010.
Estivemos envolvidos em 10
só neste ano, o que contabiliza quase um terço de todos os
que já trabalhamos", diz o
Chris Kliesmet, diretor da Rede Cidadão por um Governo
Responsável (CGR Network).
A ONG existe desde 2002
no Wisconsin, e já acompanhou 25 cassações.
"A internet ajudou enormemente a nos comunicar
com um baixo custo. Nós geralmente gastamos US$
1.000 por campanha", diz.
O custo-benefício de um
recall era uma preocupação
dos eleitores, que agora conseguem arrecadar dinheiro e
atacar o político a ser destituído sem necessariamente
usar o rádio ou a televisão.
Na cidade californiana de
Bell, o movimento Basta (Associação de Bell para Frear o
Abuso, em inglês) criou um
site que recebe doações on-line e divulga notícias.
O Basta pretende remover
parte do Conselho Municipal
envolvida em um esquema
de salários muito acima da
categoria, ligado ao ex-prefeito Oscar Hernandez, preso
preventivamente sob acusações de corrupção.
O "recall" virou quase
uma assombração para prefeitos que já sofriam as consequências da crise econômica dos EUA no orçamento.
Tanto que até a Conferência de Prefeitos dos EUA quer
lançar um vídeo educativo
para alertar os políticos.
Neste mês, a Liga Nacional
das Cidades, associação dos
municípios americanos, publicou uma pesquisa segundo a qual três de cada quatro
prefeituras está em dificuldades financeiras.
Para lidar com a situação,
71% delas cortaram pessoal e
68% adiaram ou cancelaram
investimentos. Metade dos
gestores municipais afirmaram que teriam de aumentar
os impostos se quisessem
manter o mesmo nível dos
serviços públicos.
Com as contas estouradas,
tomar medidas impopulares
como aumentar impostos pode acionar o estopim para pedir uma revogação política.
Em Miami, o prefeito Carlos Alvarez foi desafiado pelo
bilionário Norman Braman,
descontente com o aumento
dos impostos sobre propriedade. É a segunda tentativa
do gênero na cidade em 2010.
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