São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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Voto para retirar político cresce nos EUA

Neste ano, 16 prefeitos já foram alvo de movimento para revogação de seus cargos

LUCIANO BOTTINI FILHO
DE SÃO PAULO

A menos de um mês para as próximas eleições parlamentares nos EUA, alguns eleitores americanos estão ocupados com um tipo inverso de votação, o "recall".
Criado para "demitir" os eleitos que não desempenham bem o mandato, o "recall" ocorre após ser feito um pedido de plebiscito por um percentual de eleitores que elegeram o candidato e decidiram voltar atrás.
Neste ano, 16 prefeitos já foram alvo de pedidos de revogação, nem sempre por incompetência ou corrupção. O procedimento é válido em 29 Estados.
Hoje, com as redes sociais na internet e a crise econômica, o "recall" deixa em alerta os gabinetes americanos.
"Nós vimos um incremento no "recall" em 2009 e 2010. Estivemos envolvidos em 10 só neste ano, o que contabiliza quase um terço de todos os que já trabalhamos", diz o Chris Kliesmet, diretor da Rede Cidadão por um Governo Responsável (CGR Network).
A ONG existe desde 2002 no Wisconsin, e já acompanhou 25 cassações.
"A internet ajudou enormemente a nos comunicar com um baixo custo. Nós geralmente gastamos US$ 1.000 por campanha", diz.
O custo-benefício de um recall era uma preocupação dos eleitores, que agora conseguem arrecadar dinheiro e atacar o político a ser destituído sem necessariamente usar o rádio ou a televisão.
Na cidade californiana de Bell, o movimento Basta (Associação de Bell para Frear o Abuso, em inglês) criou um site que recebe doações on-line e divulga notícias.
O Basta pretende remover parte do Conselho Municipal envolvida em um esquema de salários muito acima da categoria, ligado ao ex-prefeito Oscar Hernandez, preso preventivamente sob acusações de corrupção.
O "recall" virou quase uma assombração para prefeitos que já sofriam as consequências da crise econômica dos EUA no orçamento.
Tanto que até a Conferência de Prefeitos dos EUA quer lançar um vídeo educativo para alertar os políticos.
Neste mês, a Liga Nacional das Cidades, associação dos municípios americanos, publicou uma pesquisa segundo a qual três de cada quatro prefeituras está em dificuldades financeiras.
Para lidar com a situação, 71% delas cortaram pessoal e 68% adiaram ou cancelaram investimentos. Metade dos gestores municipais afirmaram que teriam de aumentar os impostos se quisessem manter o mesmo nível dos serviços públicos.
Com as contas estouradas, tomar medidas impopulares como aumentar impostos pode acionar o estopim para pedir uma revogação política.
Em Miami, o prefeito Carlos Alvarez foi desafiado pelo bilionário Norman Braman, descontente com o aumento dos impostos sobre propriedade. É a segunda tentativa do gênero na cidade em 2010.


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