São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Concessões foram arrancadas pela secretária de Estado, que negociou em Jerusalém durante a madrugada

EUA forçam um acordo para reabrir Gaza

STEVEN R. WEISMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM

Israel e a Autoridade Nacional Palestina chegaram ontem a um acordo importante que permite aos palestinos a travessia da fronteira da faixa de Gaza com relativa liberdade. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, anunciou o entendimento depois de mediar as negociações que atravessaram a madrugada.
"É um passo importante para o povo palestino", disse Rice, que adiou por algumas horas seu embarque para a Coréia do Sul.
Os palestinos argumentavam que as obstruções de Israel prejudicavam 1,3 milhão de seus cidadãos residentes em Gaza, enquanto os israelenses afirmavam que não abririam suas fronteiras sem garantias simultâneas de que grupos terroristas deixariam de ameaça-los por meio de armas contrabandeadas do Egito.
O documento, em seis pontos, tem como impacto imediato a abertura, a partir do dia 25, de Rafah, ponto de passagem entre Gaza e o território egípcio.
Os palestinos não precisarão mais se submeter a patrulhas israelenses. Israel exigia que a reabertura de Rafah fosse acompanhada pela instalação de câmeras para monitorar a entrada de suspeitos de terrorismo. Os palestinos recusavam a exigência. Pelo acordo, o monitoramento será feito pela União Européia.
Israel também abriu mão de uma cláusula que impediria a entrada em Gaza de supostos terroristas de uma lista que afirma dispor. Aceitou que a Autoridade Palestina se comprometa a levar em conta as informações fornecidas por seus serviços de inteligência.
Rice, que dormiu apenas duas horas, empenhou-se de uma maneira ainda inédita nos cinco anos da administração Bush. Ela e assessores negociaram até altas horas, no nono andar do hotel David Citadel, em Jerusalém.
O acordo também estipula que a partir de 15 de dezembro comboios de ônibus -caminhões só a partir de 15 de janeiro- poderão, escoltados, atravessar o território de Israel, no trajeto entre Gaza e a Cisjordânia.
Os palestinos foram autorizados a construir um porto no litoral de Gaza. O equipamento estará em operação em três anos.
Israel se comprometeu com o governo americano a negociar até 31 de dezembro a desmontagem de obstáculos construídos em estradas da Cisjordânia, necessários, argumenta, para evitar o trânsito de terroristas.
Não se chegou a nenhum acordo quanto à reabertura do aeroporto palestino em Gaza, embora a União Européia tenha anunciado um plano de US$ 30 milhões para as obras de reconstrução.


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