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EUROPA
Decisão é "sábia e razoável", diz o ministro Sarkozy
Crise arrefece, mas deputados da França prorrogam lei de exceção
DA REDAÇÃO
A Assembléia Nacional francesa aprovou ontem à noite, por 346
votos a 148, a extensão por mais
90 dias do estado de emergência.
A medida, que permite aos prefeitos a imposição do toque de recolher, procura pôr fim às 19 noites consecutivas de agitação e
queima de veículos em subúrbios
que concentram jovens imigrantes desempregados.
A questão será hoje votada pelo
Senado, onde o governo também
possui expressiva maioria. O estado de emergência já vigora desde
9 de novembro, por força de decreto. Sua prorrogação dependia
de aprovação parlamentar.
O movimento, espontâneo e em
protesto contra o desemprego e
contra a discriminação étnica, está se esvaziando, segundo a polícia. Na madrugada desta terça-feira foram queimados 215 veículos, contra 284 na véspera e 374 na
noite anterior. São cifras do chefe
da polícia, Michel Gaudin.
O número de vândalos interpelados também decresceu. Foram
71, contra 115 na véspera e 212 na
noite de sábado para domingo.
Ao defender a prorrogação das
medidas de exceção, o ministro
do Interior, Nicolas Sarkozy, disse
que a França enfrenta "uma das
mais graves e mais complexas crises urbanas". Por isso, a decisão
do governo é "sábia e razoável".
O primeiro-ministro, Dominique de Villepin, afirmou que o estado de emergência poderia ser
suspenso antes dos previstos 90
dias, caso "a paz seja restaurada
de forma consistente". Ele qualificou a situação de "ainda difícil" e
disse que "não se pode aceitar que
todas as noites duas centenas de
veículos sejam queimadas".
O toque de recolher foi implantado até agora em poucos dos 38
municípios que poderiam fazê-lo.
Prefeitos acreditam que isso levaria à exaltação dos ânimos em lugar de dissuadir novos protestos.
A bancada do Partido Socialista
votou contra. Seu líder, Jean-Marc Ayrault, disse que as leis
existentes bastariam para a manutenção da ordem. Lembrou
que mesmo em 1968, com a agitação estudantil e as greves generalizadas, o então presidente De
Gaulle não apelou para o estado
de emergência. "A França não está em guerra civil", disse ele.
Villepin visitou ontem pela manhã Aulnay-sous-Bois, um dos
subúrbios de Paris em que o protesto começou. Afirmou que seu
governo seria duro com os vândalos, mas que estava determinado a
integrar à vida econômica os jovens pertencentes a minorias.
Durante os 19 dias de agitações,
8.810 veículos foram queimados,
uma centena de prédios públicos,
atingidos por coquetéis molotov,
e uma outra centena de empresas,
parcial ou totalmente danificadas
por tentativas de incêndio.
Segundo Villepin, 125 policiais
foram feridos, 2.800 manifestantes, interpelados, e 600 outros foram presos.
As manifestações tiveram como
estopim a morte acidental de dois
adolescentes muçulmanos em 27
de outubro, em Clichy-sous-Bois,
outro subúrbio parisiense.
Com agências internacionais
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