São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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General se opõe a cronograma de retirada

Comandante americano admite possibilidade de envio de mais soldados ao Iraque; Bush cria seu próprio grupo de estudos

Presidente teme que oposição domine debate sobre condução da guerra; neocons se mobilizam por aumento de tropas


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Diante de um cenário em que a oposição democrata tem cada vez mais influência sobre a condução da Guerra do Iraque, o presidente George W. Bush e um grupo de republicanos lançaram seu contra-ataque. A principal medida foi a criação de um grupo de estudos da Casa Branca, que revisará a política do governo no conflito.
A nova ofensiva republicana tomou o chão do Congresso, ontem. Em audiência no Senado, o general John Abizaid, o mais graduado militar norte-americano na Guerra do Iraque, disse que era contrário a um cronograma para a retirada das tropas dos EUA do país.
Fazer isso, disse, colocaria em risco a capacidade de passar o comando gradualmente para os iraquianos. Abizaid também admitiu que o número de soldados no Iraque, hoje em 141 mil, pode ter que aumentar "temporariamente" para treinar e assessorar as unidades militares iraquianas.
"Nós podemos estabilizar o Iraque", disse o general, que falava ao Comitê das Forças Armadas daquela Casa, ainda comandado por um republicano, mas que passará aos democratas em 3 de janeiro. "Nós não podemos proteger os iraquianos deles mesmos", retrucou o democrata Carl Levin, que pede a retirada em seis meses.
O objetivo do grupo criado por Bush é minimizar o efeito do relatório que o bipartidário Grupo de Estudos do Iraque (ISG, na sigla em inglês) divulgará no começo de dezembro. O grupo viu sua importância aumentar a partir da derrota do governo nas eleições legislativas da semana passada. A Casa Branca teme que o que era para ser apenas uma recomendação seja percebido pelo público como política a ser seguida.
O novo grupo governista é comandado por Stephen J. Hadley, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca e parte do braço militar dos neoconservadores. A idéia é refazer a fracassada "Estratégia Nacional para a Vitória no Iraque", lançada no ano passado.
Duas serão suas fontes principais: a própria secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o general Peter Pace, chefe do Estado-Maior.
Já o ISG, formado por cinco republicanos e cinco democratas, começaria a colocar no papel seu relatório final, depois de oito meses de apuração. Na segunda-feira, o porta-voz de Bush já tratava de minimizar a importância do grupo: "Qualquer decisão a respeito da quantidade de tropas será tomada de acordo com as condições no campo de batalha".
O senador John McCain, mais forte presidenciável conservador, pediu um aumento das tropas, não redução. Em artigo na conservadora "The Weekly Standard", o neocon Robert Kagan escreveu: "Restam duas opções ao presidente, desistir ou fazer o que é necessário para ter êxito. Confiamos em que ele compreenda que a tarefa que lhe cabe no Iraque é encontrar uma estratégia para o êxito."


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