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General se opõe a cronograma de retirada
Comandante americano admite possibilidade de envio de mais soldados ao Iraque; Bush cria seu próprio grupo de estudos
Presidente teme que oposição domine debate sobre condução da guerra; neocons se mobilizam por aumento de tropas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Diante de um cenário em que
a oposição democrata tem cada
vez mais influência sobre a
condução da Guerra do Iraque,
o presidente George W. Bush e
um grupo de republicanos lançaram seu contra-ataque. A
principal medida foi a criação
de um grupo de estudos da Casa
Branca, que revisará a política
do governo no conflito.
A nova ofensiva republicana
tomou o chão do Congresso,
ontem. Em audiência no Senado, o general John Abizaid, o
mais graduado militar norte-americano na Guerra do Iraque, disse que era contrário a
um cronograma para a retirada
das tropas dos EUA do país.
Fazer isso, disse, colocaria
em risco a capacidade de passar
o comando gradualmente para
os iraquianos. Abizaid também
admitiu que o número de soldados no Iraque, hoje em 141
mil, pode ter que aumentar
"temporariamente" para treinar e assessorar as unidades
militares iraquianas.
"Nós podemos estabilizar o
Iraque", disse o general, que falava ao Comitê das Forças Armadas daquela Casa, ainda comandado por um republicano,
mas que passará aos democratas em 3 de janeiro. "Nós não
podemos proteger os iraquianos deles mesmos", retrucou o
democrata Carl Levin, que pede a retirada em seis meses.
O objetivo do grupo criado
por Bush é minimizar o efeito
do relatório que o bipartidário
Grupo de Estudos do Iraque
(ISG, na sigla em inglês) divulgará no começo de dezembro.
O grupo viu sua importância
aumentar a partir da derrota do
governo nas eleições legislativas da semana passada. A Casa
Branca teme que o que era para
ser apenas uma recomendação
seja percebido pelo público como política a ser seguida.
O novo grupo governista é
comandado por Stephen J. Hadley, conselheiro de Segurança
Nacional da Casa Branca e parte do braço militar dos neoconservadores. A idéia é refazer a
fracassada "Estratégia Nacional para a Vitória no Iraque",
lançada no ano passado.
Duas serão suas fontes principais: a própria secretária de
Estado, Condoleezza Rice, e o
general Peter Pace, chefe do
Estado-Maior.
Já o ISG, formado por cinco
republicanos e cinco democratas, começaria a colocar no papel seu relatório final, depois
de oito meses de apuração. Na
segunda-feira, o porta-voz de
Bush já tratava de minimizar a
importância do grupo: "Qualquer decisão a respeito da
quantidade de tropas será tomada de acordo com as condições no campo de batalha".
O senador John McCain,
mais forte presidenciável conservador, pediu um aumento
das tropas, não redução. Em artigo na conservadora "The
Weekly Standard", o neocon
Robert Kagan escreveu: "Restam duas opções ao presidente,
desistir ou fazer o que é necessário para ter êxito. Confiamos
em que ele compreenda que a
tarefa que lhe cabe no Iraque é
encontrar uma estratégia para
o êxito."
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