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Chávez domina campanha eleitoral regional
Sob o risco de que seus aliados percam os governos de até oito Estados no próximo domingo, presidente se planta no palanque
Venezuelano eleva retórica de ataques à oposição, que, mais unida e forte, ameaça hegemonia chavista até em Barinas, seu Estado natal
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Mais parece uma campanha
presidencial: em praticamente
todos os dias das últimas semanas, Hugo Chávez tem percorrido a Venezuela participando
de carreatas e discursando contra a oposição. Tanto esforço
tem o difícil objetivo de manter
o amplo domínio do oficialismo
nas eleições para governador e
prefeito do próximo domingo.
A disputa está bem mais acirrada do que há quatro anos,
quando a oposição, recém-derrotada no referendo para revogar o mandato de Chávez, não
ofereceu resistência ao governo. O resultado é que hoje 22
dos 24 Estados e mais de 70%
dos municípios estão nas mãos
de aliados do presidente.
Neste ano, Chávez enfrenta
tanto uma oposição mais unida
quanto uma rebelião na sua base que, iniciada no ano passado,
provocou a debandada de quatro governadores, entre os
quais os dos importantes Estados de Carababo (industrializado e o terceiro mais populoso) e
Aragua, onde está a maior concentração militar do país.
Outra rebelião interna foi a
decisão das agremiações Pátria
Para Todos (PPT) e Partido Comunista da Venezuela (PCV)
de não se aliar ao PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) e lançar candidatos próprios em várias regiões do país.
Tanto os ex-aliados quanto
opositores tradicionais têm sido alvo de duros ataques de
Chávez, que os acusa de planejar um golpe de Estado e seu assassinato depois das eleições.
"Esta é uma revolução que
está armada, e o povo está disposto a defender o processo revolucionário. Não se equivoquem", ameaçou Chávez, durante comício na última terça.
Por trás do empenho presidencial há a intenção de realizar um novo referendo sobre a
reeleição sem limites, proposta
rechaçada no ano passado,
quando Chávez amargou sua
primeira derrota eleitoral desde que subiu ao poder, em 1999.
Dirigentes do PSUV, como o
ex-ministro e candidato a governador de Guárico (centro)
Willian Lara, já declaram que
uma vitória convincente nas
eleições do dia 23 ajudará a relançar a mudança constitucional que permitirá a Chávez disputar mais seis anos, em 2012.
"O objetivo de Hugo Chávez
é conseguir mudar o texto
constitucional para ter uma
norma que lhe permita reeleger-se indefinidamente e ser o
presidente vitalício da Venezuela", disse na quarta-feira o
ex-ministro da Defesa Raúl Baduel, que rompeu com o governo no ano passado após mais de
duas décadas de aliança política
com o presidente venezuelano.
Pesquisas recentes, porém,
mostram que Chávez dificilmente repetirá a "onda vermelha" de 2004. Levantamento do
instituto Hinterlaces divulgado
na semana passada mostra que
a oposição tem grandes chances de vencer em oito Estados,
entre os quais Zulia e Carabobo, que juntos concentram cerca de 22% da população do país.
Até a pesquisadora pró-governo GIS XXI disse recentemente que a oposição pode levar 6 de 23 Estados em disputa.
Em Caracas, o instituto de
pesquisa Datanális prevê a vitória da oposição no município
de Sucre, hoje sob controle governista. Se confirmada, será
um avanço simbólico, já que inclui a gigantesca favela do Petare, histórico reduto chavista.
Já a disputa do governo distrital de Caracas, hoje sob um
aliado do presidente, está indefinida, segundo o Datanálisis.
Chávez corre o risco de perder até Barinas, seu Estado natal e há dois mandatos governado por seu pai, Hugo de los Reyes Chávez. Ali, seu irmão Adán
trava disputada acirrada com o
dissidente Julio César Reyes.
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