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Zelaya diz já não aceitar acordo para volta
Presidente deposto de Honduras afirma que firmar pacto com golpistas às vésperas de eleições seria "encobrir golpe de Estado"
Hondurenho lamenta, em carta a Obama, mudança de posição dos EUA e diz que pleito sem sua restituição será "vergonha histórica"
Esteban Felix/Associated Press
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O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, lê a carta que escreveu a Barack Obama, na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa
DA REDAÇÃO
O presidente deposto de
Honduras, Manuel Zelaya,
anunciou ontem que, diante da
proximidade das eleições para
escolher o seu sucessor e da demora do Congresso para se pronunciar sobre sua restituição,
já não aceita nenhum acordo
para retornar à Presidência e
"encobrir o golpe de Estado"
que o depôs em 28 de junho.
Em uma carta endereçada ao
presidente dos EUA, Barack
Obama, e lida em voz alta pelo
próprio Zelaya na Embaixada
do Brasil em Tegucigalpa, onde
está refugiado desde 21 de setembro, o presidente deposto
lamenta a mudança de posição
dos EUA, que saíram de um
apoio incondicional à volta de
Zelaya a uma sinalização cada
vez mais forte de que reconhecerão o resultado das eleições
do próximo dia 29 independentemente da restituição.
"Como presidente constitucional de Honduras (...), me vejo na obrigação de informar que
sob essas condições não podemos respaldá-las [as eleições] e
procederemos para impugná-las legalmente em nome de milhares de hondurenhos e de
centenas de candidatos que
sentem que se trata de uma
competição desigual na qual
não se dão as condições de participação em liberdade", disse
Zelaya na carta a Obama.
Acordo fracassado
Sob mediação dos EUA, Zelaya e o presidente interino Roberto Micheletti assinaram no
último dia 31 um acordo para
pôr fim à crise no país, cujos
pontos principais eram: a) que
o Congresso votasse para decidir sobre o retorno de Zelaya ao
cargo; b) a formação de um governo de unidade e de reconciliação nacional e c) o reconhecimento por ambas as partes do
resultado da eleição do dia 29.
Após Micheletti tentar estabelecer o governo de unidade
antes de o Congresso se pronunciar sobre o retorno de Zelaya, o presidente deposto disse
considerar o acordo rompido.
Os EUA tentaram promover
a retomada do diálogo inclusive
com o envio de um diplomata a
Tegucigalpa, mas diferentes
funcionários do país, inclusive
o embaixador na OEA (Organização dos Estados Americanos), já defenderam o reconhecimento do resultado das eleições como solução para a crise.
Na carta para Obama, Zelaya
diz que "realizar eleições nas
quais o presidente eleito pelo
povo de Honduras está prisioneiro, rodeado por militares na
sede diplomática do Brasil, e
um presidente "de facto", que
impuseram os militares, [está]
rodeado pelos poderosos no palácio de governo será uma vergonha histórica para Honduras
e uma infâmia para os povos
democráticos da América".
Zelaya acusa os EUA de "alterarem sua posição no caso de
Honduras e favorecerem a intervenção abusiva das castas
militares na vida cívica de nosso Estado" e pede uma pronta
resposta de Obama -na esperança de que o americano reafirme seu apoio à restituição.
Até o fechamento desta edição, os EUA ainda não haviam
respondido à carta de Zelaya.
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