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Lula se equivoca ao referendar Morales, afirma governador
Segundo Rubén Costa, Santa Cruz não chantagearia o Brasil
DA ENVIADA A LA PAZ
Questionado sobre a visita
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva faz à Bolívia a partir de hoje, o governador de
Santa Cruz, Rubén Costas, afirmou que lamentava que o governo brasileiro estivesse "referendando" o governo Evo
Morales neste momento de crise política com as regiões.
"O que vai acontecer depois é
que vai ganhar a democracia,
vai ganhar essa locomotiva
aqui. Um dia o presidente Lula
vai ter de se sentar conosco",
disse Costas.
"E nós não vamos trabalhar
com chantagens, como fez o
presidente Morales. Nós não
vamos pressioná-lo. Nem usar
as ameaças veladas que [Morales] faz sempre. Temos outra
maneira de ser", acrescentou,
em alusão ao processo de nacionalização dos hidrocarbonetos em 2006, quando as instalações da Petrobras na Bolívia foram ocupadas pelo Exército.
"Obviamente, lamentamos
muitíssimo que não haja essa
deferência para essa região que
é tão importante, tão amiga e
irmã de Brasil", continuou o governador, o principal nome da
oposição a La Paz.
Em Santa Cruz, produtores
brasileiros são responsáveis
por 35% da produção de soja, e
a capital do departamento abriga a sede da Petrobras no país.
Milosevic
O governador afirmou que o
projeto de autonomia é uma
demanda histórica de Santa
Cruz e que conta, há anos, com
mobilizações populares maciças. Há um ano, os organizadores dizem ter reunido um milhão de pessoas a favor da proposta. "Seremos um milhão de
oligarcas?", questionou. Negou
que o movimento tenha qualquer tinta separatista.
Em entrevista à imprensa estrangeira e local, Costas negou
que o estatuto aprovado tenha
traços racistas, como acusa o
governo Evo Morales.
"Querem fazer disso um problema étnico. Não é. Sabe
quantos indígenas temos na
Bolívia? 70% da população se
declara mestiço. Eu por acaso
tenho cara de polonês? Eu sou
mestiço, como o presidente
Morales também é", afirmou,
devolvendo ao presidente as
acusações de racismo.
Defendeu que Santa Cruz
queira legislar sobre terras, e
disse que o departamento é
contra o latifúndio. Segundo o
governador, alguns "estão buscando um Milosevic", disse em
referência ao líder sérvio da
guerra dos Bálcãs, acusado de
liderar genocídio.
Costas, que comanda o departamento responsável por
35% do PIB boliviano, afirmou
ainda que a situação é preocupante no país e que está disposto a fazer "um grande pacto nacional", se La Paz se dispuser a
conversar com os governadores tendo como mediadores
países amigos.
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