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Ordem de prisão contra Livni irrita Israel
Governo Netanyahu pede explicações do Reino Unido por decisão de tribunal britânico contra atual líder da oposição
Política é acusada de crimes de guerra por sua atuação durante a ofensiva contra Gaza, quando integrava gabinete de segurança
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Quase um ano após seu início, a ofensiva israelense contra
o grupo islâmico Hamas na faixa de Gaza continua perseguindo os líderes que a ordenaram e
criando constrangimentos diplomáticos para o país.
A pedido de um grupo de ativistas palestinos, um tribunal
londrino emitiu no sábado ordem de detenção contra a líder
da oposição, Tzipi Livni, por supostos crimes de guerra durante a operação em Gaza. Na época, ela era ministra de Relações
Exteriores de Israel e parte do
gabinete de segurança comandado pelo então primeiro-ministro Ehud Olmert.
A ordem seria cumprida no
dia seguinte, quando estava
marcada participação de Livni
num evento do Fundo Nacional Judaico na capital britânica. O tribunal suspendeu a ordem ao saber que a ex-chanceler cancelara sua presença no
evento, mas o incidente causou
revolta no governo israelense.
Mais que isso, gerou preocupação entre as autoridades israelenses de que seja criado um
precedente que induza cortes
de outros países a seguir o
exemplo do tribunal londrino.
Diante do risco, personalidades
políticas e militares de Israel já
começam a limitar suas viagens
internacionais.
Ontem a Chancelaria israelense convocou o embaixador
britânico no país para protestar
contra a ordem de prisão -que,
ao que tudo indica, foi emitida
sem o conhecimento do governo britânico.
Num raro momento de solidariedade entre governo e oposição, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, condenou com veemência a
ordem de prisão, que chamou
de "absurda", e disse que não
permitiria que israelenses fossem acusados de crimes de
guerra no exterior.
Reação de Londres
Instado pelo embaixador de
Israel em Londres a se explicar,
o ministro das Relações Exteriores britânico, David Milband, se disse "chocado" e classificou a ordem de prisão de
"intolerável". Em telefonema a
Livni, ele lamentou o incidente
e disse que conversaria com o
premiê Gordon Brown para
evitar que o caso se repita.
Um comunicado da embaixada britânica em Israel buscou
dissipar o constrangimento,
deixando clara a preocupação
de Londres em se manter
atuante na mediação do conflito no Oriente Médio.
"Para que isso ocorra, líderes
israelenses devem poder ir ao
Reino Unido para conversas
com o governo britânico. Estamos verificando com urgência
as implicações desse caso", diz
o comunicado.
Um porta-voz do partido Kadima, liderado por Livni, disse
que a ex-ministra cancelou sua
ida a Londres por problemas de
agenda, e não por medo de receber uma ordem de prisão.
"Não tenho problemas com o
fato de o mundo querer julgar
Israel", reagiu Livni. "Somos
parte do mundo livre. O problema começa quando se equipara
Israel aos terroristas."
O início da ofensiva israelense contra o grupo radical Hamas em Gaza, que durou 22
dias e deixou cerca de 1.400 palestinos mortos, completa um
ano no próximo dia 27. Há dois
meses, Israel passou por um
momento delicado ao ser duramente criticado por um relatório da ONU que acusou o país
de crimes de guerra.
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