São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Washington aceita sugestões que "aperfeiçoem" projeto, mas mantém eleição indireta

Transição iraquiana não muda, diz Casa Branca

DA REDAÇÃO

A Casa Branca declarou ontem que não pretende mudar o plano de transição política no Iraque, mas está aberta a sugestões que "aperfeiçoem ou melhorem" o modelo após as críticas de um dos principais líderes xiitas do país.
O plano americano prevê que a Autoridade Provisória da Coalizão, liderada pelo diplomata Paul Bremer, entregue o poder em 30 de junho a um governo interino iraquiano escolhido em eleições indiretas. Mas o aiatolá Ali al Sistani diz que o modelo não resultará em um governo representativo.
Ontem, Bremer debateu as alternativas com o presidente George W. Bush. Depois da reunião, disse que as questões de Sistani "têm de ser consideradas" e que "há uma série de maneiras de conduzir o pleito". Mas reiterou que ele será indireto e que a transição ocorre em 30 de junho.
"É óbvio que há discussão sobre meios de aperfeiçoar ou melhorar o acordo, mas estamos trabalhando com a estrutura do acordo de 15 de novembro", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, referindo-se ao cronograma que prevê a transição até julho.
Anteontem, 25 mil xiitas foram às ruas de Basra (a segunda maior cidade iraquiana) exigir eleições diretas, gerando temores de que o governo interino não seja visto como legítimo pela população.
Para Washington, não há tempo suficiente para concluir o censo e a nova Constituição neste ano, duas condições fundamentais para a realização do pleito direto. "Há muita coisa que teria de estar pronta para a eleição e ainda não está, disse McClellan.
Segundo diplomatas, os EUA devem pedir ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que envie uma equipe de avaliação ao Iraque para tentar convencer Al Sistani de que não é possível realizar eleições diretas neste ano.
O pedido deverá ser feito na segunda-feira, quando Annan receberá Bremer e membros do Conselho de Governo Iraquiano para discutir a participação da ONU no processo de transição.

Violência
A violência no país teve continuidade com a morte de um adolescente em Bagdá, atingido pela explosão de uma bomba que um grupo de soldados dos EUA e policiais iraquianos tentava desarmar. Cinco pessoas foram feridas, segundo fontes hospitalares.
No aeroporto da capital, um avião militar americano que levava o ministro da Defesa da Geórgia, David Tevzadze, para uma visita de um dia a seus soldados no país foi atingido por tiros vindos do chão. Ninguém foi ferido.
Em Tóquio, o primeiro destacamento de soldados japoneses desde a Segunda Guerra embarcou para o Iraque. Os cerca de 30 soldados são uma unidade avançada que precede outros mil militares.

Saddam
Em entrevista à rede britânica Sky News, Powell afirmou que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein vem cooperando pouco com seus interrogadores desde sua captura, em 13 de dezembro.
"Ele sabe que vai ser julgado. Eu acho que ele está tentando se proteger e justificar suas ações abomináveis durante o tempo em que foi ditador do Iraque", disse.


Com agências internacionais

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