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Pacto econômico aproxima ainda mais Correa e Chávez
Pelo acordo, Equador receberá derivados de petróleo da Venezuela a preços menores
Constituinte defendida por Correa prevê aprovação por maioria simples; segundo pesquisa, 60% da população é favorável à convocação
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A QUITO
Um dia depois de tomar posse, o presidente do Equador,
Rafael Correa, 43, assinou vários acordos de cooperação
com o colega e aliado Hugo
Chávez, dos quais o mais importante é um generoso contrato de troca de petróleo equatoriano por derivados venezuelanos a preços menores.
Em discurso, Correa incluiu
os acordos com a Venezuela entre as medidas de impacto de
seu início de governo, como a
convocação de um referendo
para decidir sobre a realização
de uma Assembléia Constituinte e a redução pela metade do
seu salário de US$ 8 mil como
presidente.
"Generosidade"
"Vinte e quatro horas depois
de haver assumido o comando
do governo nacional, já se assinam acordos tremendamente
benéficos para o país e para toda a região", disse Correa, ao lado de Chávez, no Palácio de Carondelet, centro de Quito.
"A generosidade do presidente Chávez fez com que conseguíssemos um acordo bastante proveitoso, porque nem
sequer vão refinar o nosso petróleo, com o qual teríamos de
trazer também de regresso o
resíduo, o qual não é economicamente rentável. Vamos dar-lhes, por dizer, US$ 10 milhões
em petróleo cru e eles nos vão
dar US$ 10 milhões de derivados a preços preferenciais", explicou Correa.
A importação de óleo diesel e
de outros derivados é considerado um dos temas econômicos
mais importantes do Equador.
Apesar de o petróleo ser o principal produto de exportação, o
país tem sido obrigado a importar a maior parte dos derivados
que consome devido à falta de
refinarias.
"Digam-nos os equatorianos
como lhes servir, e terão todos
os venezuelanos como filhos,
como irmãos, como irmãs, com
o coração", afirmou Chávez, em
discurso recheado de referências históricas e de promessas
de mais ajuda.
O venezuelano prometeu
ainda parcerias para a construção de refinarias e de um pólo
petroquímico e uma linha de
crédito por meio da abertura de
uma sucursal do Banco de Desenvolvimento Econômico e
Social, com desembolso inicial
de US$ 25 milhões.
O primeiro aporte de diesel
venezuelano está previsto para
chegar ao Equador já entre os
dias 22 e 24 do mês que vem, a
bordo do navio Manuela Sáenz
(1797-1856), heroína equatoriana que viveu um longo romance com Simón Bolívar.
O presidente venezuelano
está no Equador desde domingo. Além da posse oficial, participou da posse indígena e do
lançamento do decreto para o
referendo. Assim como na posse do presidente boliviano, Evo
Morales, há um ano, Chávez estendeu sua visita para ser o primeiro governo a assinar acordos bilaterais.
O evento com Chávez foi o
segundo protagonizado por
Correa no Carondelet.
Pela manhã, o presidente
equatoriano aumentou de US$
15 para US$ 30 o pagamento
mensal de um bônus destinado
a idosos e incapacitados e criou
um programa de refinanciamento da dívida de pequenos
agricultores.
Cada vez mais próximo de
Chávez, Correa, por outro lado,
busca se distanciar dos Estados
Unidos. O secretário de Comércio desse país, Carlos Gutiérrez, disse anteontem em Quito
que o equatoriano notificou
oficialmente Washington que
não retomará as negociações
para um tratado comercial com
os EUA, interrompidas no ano
passado pela Casa Branca em
retaliação à expulsão da petroleira norte-americana Occidental.
Gutiérrez estava em Quito
representando o governo do
presidente George W. Bush. Ao
comentar a notificação, disse
que "respeita o ponto de vista"
do novo governo equatoriano.
Maioria simples
Outro anúncio importante
de Correa ontem foi a divulgação do estatuto da eleição, instalação e funcionamento da Assembléia Constituinte, caso venha a ser aprovada pelo referendo marcado para o dia 18 de
março. Segundo pesquisas de
opinião no Equador, pelo menos 60% dos eleitores aprovam
a medida, principal mote da
campanha do esquerdista.
O estatuto, enviado ao TSE
(Tribunal Superior Eleitoral),
prevê que os artigos constitucionais sejam aprovados por
maioria simples entre os 83 assembleístas. A Constituinte
funcionará por 180 dias, prorrogável por mais 60 dias.
De acordo com o estatuto, as
eleições dos constituintes ocorrerão em até 125 dias depois de
uma eventual aprovação do referendo. Durante a campanha
para a Constituinte, os candidatos só poderão utilizar recursos públicos de campanha.
Depois de terminada a redação da nova Carta, haverá outro
referendo para ratificar ou rechaçar o texto.
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