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Fidel diz que doença impede falas públicas
Ditador cubano, 81, descreve a própria fragilidade a três dias das eleições para a Assembléia Nacional do país
DA REDAÇÃO
Às vésperas das eleições para
a Assembléia Nacional de Cuba, neste domingo, o ditador da
ilha, Fidel Castro, 81, admitiu
não ter condições de saúde para
falar em público aos eleitores. A
declaração foi publicada em artigo assinado por Fidel na imprensa estatal ontem.
"Não tenho a capacidade física necessária para falar diretamente aos vizinhos do município onde me postularam para
as eleições do próximo domingo. Faço o que posso: escrevo",
afirmou o ditador, que deixou o
governo há 17 meses, quando
uma cirurgia de emergência no
intestino o obrigou a entregar o
poder interinamente a seu irmão Raúl Castro, 76.
Em 2 de dezembro último, os
conselheiros municipais da cidade de Santiago de Cuba incluíram o nome de Fidel entre
os 25 candidatos para as eleições de 20 de janeiro, da qual
participam membros do Partido Comunista ou independentes -não há outros partidos legais em Cuba. Serão escolhidos
por voto popular os 614 membros da Assembléia Nacional.
Para manter oficialmente
um cargo de poder, Fidel precisa ser eleito para a assembléia.
Na primeira sessão da Casa, em
março, deverão ser ratificados
entre os deputados os 31 integrantes do Conselho de Estado,
mais alto corpo decisório do
Executivo cubano. Fidel é presidente do Conselho de Estado
desde a sua criação (1976).
"Hoje, que tenho mais tempo
para me informar e meditar sobre o que vejo, só me resta escrever", disse o ditador no artigo, que além dos comentários
sobre sua saúde contém críticas ao presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush.
A mensagem foi publicada
um dia após Fidel receber o
presidente Lula em local não
revelado em Cuba.
Ontem, foi divulgado o vídeo
do encontro, que mostra os
dois líderes tirando fotografias
um do outro. Fidel parece conversar ativamente com Lula e,
no momento da despedida,
abraça o brasileiro e diz: "Venho me sentindo muito bem".
Foi o primeiro vídeo do ditador
desde um encontro com o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, há três meses.
"Fidel está pronto para reassumir o papel político que tem
na história do mundo globalizado, da humanidade", disse
Lula após o encontro, acrescentando que a saúde do ditador
estava "impecável".
A incerteza sobre seu retorno
é alimentada pelo próprio ditador, que em dezembro indicou
em carta lida na TV que poderia
abandonar de vez a Presidência. "Meu dever não é o de me
apegar a posições e muito menos o de obstruir o caminho para pessoas mais jovens", disse.
Com agências internacionais
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