São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

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Fidel diz que doença impede falas públicas

Ditador cubano, 81, descreve a própria fragilidade a três dias das eleições para a Assembléia Nacional do país

DA REDAÇÃO

Às vésperas das eleições para a Assembléia Nacional de Cuba, neste domingo, o ditador da ilha, Fidel Castro, 81, admitiu não ter condições de saúde para falar em público aos eleitores. A declaração foi publicada em artigo assinado por Fidel na imprensa estatal ontem.
"Não tenho a capacidade física necessária para falar diretamente aos vizinhos do município onde me postularam para as eleições do próximo domingo. Faço o que posso: escrevo", afirmou o ditador, que deixou o governo há 17 meses, quando uma cirurgia de emergência no intestino o obrigou a entregar o poder interinamente a seu irmão Raúl Castro, 76.
Em 2 de dezembro último, os conselheiros municipais da cidade de Santiago de Cuba incluíram o nome de Fidel entre os 25 candidatos para as eleições de 20 de janeiro, da qual participam membros do Partido Comunista ou independentes -não há outros partidos legais em Cuba. Serão escolhidos por voto popular os 614 membros da Assembléia Nacional.
Para manter oficialmente um cargo de poder, Fidel precisa ser eleito para a assembléia. Na primeira sessão da Casa, em março, deverão ser ratificados entre os deputados os 31 integrantes do Conselho de Estado, mais alto corpo decisório do Executivo cubano. Fidel é presidente do Conselho de Estado desde a sua criação (1976).
"Hoje, que tenho mais tempo para me informar e meditar sobre o que vejo, só me resta escrever", disse o ditador no artigo, que além dos comentários sobre sua saúde contém críticas ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
A mensagem foi publicada um dia após Fidel receber o presidente Lula em local não revelado em Cuba.
Ontem, foi divulgado o vídeo do encontro, que mostra os dois líderes tirando fotografias um do outro. Fidel parece conversar ativamente com Lula e, no momento da despedida, abraça o brasileiro e diz: "Venho me sentindo muito bem". Foi o primeiro vídeo do ditador desde um encontro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, há três meses.
"Fidel está pronto para reassumir o papel político que tem na história do mundo globalizado, da humanidade", disse Lula após o encontro, acrescentando que a saúde do ditador estava "impecável".
A incerteza sobre seu retorno é alimentada pelo próprio ditador, que em dezembro indicou em carta lida na TV que poderia abandonar de vez a Presidência. "Meu dever não é o de me apegar a posições e muito menos o de obstruir o caminho para pessoas mais jovens", disse.


Com agências internacionais


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