São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

Próximo Texto | Índice

Israel e EUA selam pacto contra Hamas

Acordo prevê cooperação para impedir rearmamento do grupo palestino; Rice diz que equipe de Obama foi consultada

Imprensa israelense diz que gabinete pode aprovar hoje um cessar-fogo unilateral; guerra entra na 4ª semana e há 1.157 palestinos mortos

Abbas Momani/France Presse
Soldados israelenses lançam bombas de gás contra jovens palestinos perto do muro que separa a cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, de Jerusalém

DA REDAÇÃO

Os governos israelense e americano assinaram ontem um acordo bilateral que estabelece cooperação contra o rearmamento do grupo islâmico Hamas. Na prática, o memorando abre caminho para isolar o Hamas das negociações para um cessar-fogo que vinham sendo mediadas pelo Egito.
A imprensa israelense disse ontem que o gabinete do primeiro-ministro Ehud Olmert se reunirá hoje e deve aprovar um cessar-fogo unilateral.
Israel manteria soldados e tanques em Gaza até que tenha garantias de que a reabertura da fronteira entre o território palestino e o Egito não leve ao rearmamento do Hamas.
Para aderir a um cessar-fogo, o Hamas vinha pedindo garantias de que Israel e o Egito, que mantêm um cerco econômico a Gaza há 19 meses, reabrissem o fluxo de mercadorias.
O texto firmado em Washington pela chanceler israelense, Tzipi Livni, e pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, garante o apoio dos EUA para criar um sistema de controle das fronteira terrestres e marítimas de Gaza e destruir os túneis usados pelo Hamas para infiltrar armas no território -entre as quais alguns dos foguetes disparados contra Israel.
O desarmamento do Hamas é a principal exigência de Israel para sustar a ofensiva, que já deixou 1.157 palestinos mortos e entra hoje na quarta semana.

Bloqueio a Gaza
Os túneis na fronteira Gaza-Egito também são usados para o contrabando de alimentos e combustíveis para os 1,5 milhão de habitantes de Gaza.
Os produtos são escassos devido ao bloqueio implementado por Israel e pelo Egito desde que o Hamas, vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, expulsou de Gaza os rivais do Fatah, que controlam a Autoridade Nacional Palestino e são o interlocutor aceito por Israel e os EUA.
Além da destruição das passagens subterrâneas, o acordo entre EUA e Israel pede a participação da Otan (aliança militar ocidental) para reprimir o contrabando de armas por mar. O texto coloca o patrulhamento da fronteira Gaza-Egito como indispensável, mas não é claro sobre a composição de futura missão de monitoramento.
No memorando, Israel e EUA acusam o Irã de ser o principal fornecedor de armas -basicamente explosivos, fuzis e foguetes de curto alcance, alguns artesanais- do Hamas. As acusações foram negadas ontem pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. "[Só] fornecemos à resistência palestina apoio humanitário, político e espiritual."

Obama
O acordo foi firmado no último dia útil da Presidência do republicano George W. Bush, que entrega o cargo na terça-feira ao democrata Barack Obama. Rice afirmou que consultou a equipe de Obama antes de assiná-lo. Citou especificamente os futuros conselheiro de Segurança Nacional, general James Jones, e secretária de Estado, Hillary Clinton.
A chanceler Tzipi Livni insistiu em que o pacto "completa" a proposta de paz mediada pelo Egito -até então o único plano em debate, e que propõe em termos vagos uma trégua provisória, durante a qual seriam negociados o fim do bloqueio econômico a Gaza e o envio de monitores internacionais à fronteira Gaza-Egito.
As negociações não avançam também por causa da resistência egípcia em ter forças internacionais em seu território.
Segundo o jornal "Jerusalem Post", o premiê israelense, Ehud Olmert, teria se decidido por um cessar-fogo unilateral depois de o Hamas rejeitar as condições israelenses. Outros analistas, porém, suspeitam que essas informações sejam parte do esforço para aumentar a pressão sobre o Hamas.
"Apesar de toda a destruição em Gaza, eu posso assegurar: não aceitaremos as condições israelenses", disse ontem Khaled Meshaal, líder do Hamas exilado em Damasco (Síria), em um encontro de líderes muçulmanos no Qatar (leia abaixo).
Na quarta-feira, o Hamas ofereceu uma trégua renovável de um ano se Israel retirasse seus soldados de Gaza em sete dias e levantasse o bloqueio ao território palestino.

Com agências internacionais


Próximo Texto: Qatar e Mauritânia anunciam ruptura com governo israelense
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.