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Israel e EUA selam pacto contra Hamas
Acordo prevê cooperação para impedir rearmamento do grupo palestino; Rice diz que equipe de Obama foi consultada
Imprensa israelense diz que gabinete pode aprovar hoje um cessar-fogo unilateral; guerra entra na 4ª semana e há 1.157 palestinos mortos
Abbas Momani/France Presse
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Soldados israelenses lançam bombas de gás contra jovens palestinos perto do muro que separa a cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, de Jerusalém
DA REDAÇÃO
Os governos israelense e
americano assinaram ontem
um acordo bilateral que estabelece cooperação contra o rearmamento do grupo islâmico
Hamas. Na prática, o memorando abre caminho para isolar
o Hamas das negociações para
um cessar-fogo que vinham
sendo mediadas pelo Egito.
A imprensa israelense disse
ontem que o gabinete do primeiro-ministro Ehud Olmert
se reunirá hoje e deve aprovar
um cessar-fogo unilateral.
Israel manteria soldados e
tanques em Gaza até que tenha
garantias de que a reabertura
da fronteira entre o território
palestino e o Egito não leve ao
rearmamento do Hamas.
Para aderir a um cessar-fogo,
o Hamas vinha pedindo garantias de que Israel e o Egito, que
mantêm um cerco econômico a
Gaza há 19 meses, reabrissem o
fluxo de mercadorias.
O texto firmado em Washington pela chanceler israelense, Tzipi Livni, e pela secretária de Estado americana,
Condoleezza Rice, garante o
apoio dos EUA para criar um
sistema de controle das fronteira terrestres e marítimas de
Gaza e destruir os túneis usados pelo Hamas para infiltrar
armas no território -entre as
quais alguns dos foguetes disparados contra Israel.
O desarmamento do Hamas
é a principal exigência de Israel
para sustar a ofensiva, que já
deixou 1.157 palestinos mortos
e entra hoje na quarta semana.
Bloqueio a Gaza
Os túneis na fronteira Gaza-Egito também são usados para
o contrabando de alimentos e
combustíveis para os 1,5 milhão
de habitantes de Gaza.
Os produtos são escassos devido ao bloqueio implementado por Israel e pelo Egito desde
que o Hamas, vencedor das
eleições legislativas palestinas
de 2006, expulsou de Gaza os
rivais do Fatah, que controlam
a Autoridade Nacional Palestino e são o interlocutor aceito
por Israel e os EUA.
Além da destruição das passagens subterrâneas, o acordo
entre EUA e Israel pede a participação da Otan (aliança militar ocidental) para reprimir o
contrabando de armas por mar.
O texto coloca o patrulhamento
da fronteira Gaza-Egito como
indispensável, mas não é claro
sobre a composição de futura
missão de monitoramento.
No memorando, Israel e
EUA acusam o Irã de ser o principal fornecedor de armas -basicamente explosivos, fuzis e
foguetes de curto alcance, alguns artesanais- do Hamas. As
acusações foram negadas ontem pelo presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad. "[Só]
fornecemos à resistência palestina apoio humanitário, político e espiritual."
Obama
O acordo foi firmado no último dia útil da Presidência do
republicano George W. Bush,
que entrega o cargo na terça-feira ao democrata Barack Obama. Rice afirmou que consultou a equipe de Obama antes de
assiná-lo. Citou especificamente os futuros conselheiro de Segurança Nacional, general James Jones, e secretária de Estado, Hillary Clinton.
A chanceler Tzipi Livni insistiu em que o pacto "completa" a
proposta de paz mediada pelo
Egito -até então o único plano
em debate, e que propõe em
termos vagos uma trégua provisória, durante a qual seriam
negociados o fim do bloqueio
econômico a Gaza e o envio de
monitores internacionais à
fronteira Gaza-Egito.
As negociações não avançam
também por causa da resistência egípcia em ter forças internacionais em seu território.
Segundo o jornal "Jerusalem
Post", o premiê israelense,
Ehud Olmert, teria se decidido
por um cessar-fogo unilateral
depois de o Hamas rejeitar as
condições israelenses. Outros
analistas, porém, suspeitam
que essas informações sejam
parte do esforço para aumentar
a pressão sobre o Hamas.
"Apesar de toda a destruição
em Gaza, eu posso assegurar:
não aceitaremos as condições
israelenses", disse ontem Khaled Meshaal, líder do Hamas
exilado em Damasco (Síria), em
um encontro de líderes muçulmanos no Qatar (leia abaixo).
Na quarta-feira, o Hamas
ofereceu uma trégua renovável
de um ano se Israel retirasse
seus soldados de Gaza em sete
dias e levantasse o bloqueio ao
território palestino.
Com agências internacionais
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