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Venezuela decidirá sobre reeleição no dia 15
No mesmo dia em que é marcada data para referendo sobre possibilidade de perpetuação no poder, Chávez recebe apoio de Lula
"Não é que eu queira seguir no poder. Aqui há um projeto, há uma democracia e é o povo que decide quem vai governar", diz Chávez
DA REDAÇÃO
No dia em que o referendo
que abre caminho para sua reeleição sem limites foi marcado
para 15 de fevereiro, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, recebeu do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva,
apoio enfático à consulta.
"Tenho sido criticado no
Brasil muitas vezes por defender o processo aqui na Venezuela porque sei a quantas eleições você já se submeteu", disse
Lula, dirigindo-se a Chávez, durante visita conjunta ao Estado
de Zulia (oeste da Venezuela).
"Quantos referendos, quantas votações. Acho que isso é
um exercício da democracia.
Porque, quando o povo não quiser mais, não vai mais votar em
você. Vai votar em outra pessoa
e vai ter a mesma Constituição
que vai permitir mais um mandato, mais três mandatos."
Ontem, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Tibisay Lucena, convocou para 15 de fevereiro o referendo proposto por Chávez
que estabelece a reeleição indefinida para presidente e todos
os cargos eletivos do país.
A Assembleia Nacional, de
maioria chavista, aprovou na
quarta-feira, em segunda votação, a proposta de emenda
constitucional, em meio a enfrentamentos nas ruas de Caracas entre policiais e estudantes
contrários à proposta.
Chávez já tentou introduzir a
reeleição indefinida em uma
reforma mais ampla da Carta,
mas a proposta foi rejeitada,
por pequena margem, em referendo popular em dezembro de
2007. Se não conseguir mudar
a Constituição desta vez, o venezuelano, eleito em 1999, terá
de deixar o poder em 2013.
Ao ser questionado sobre o
fato de a reeleição indefinida já
ter feito parte da reforma constitucional derrotada, Lula disse
que "ele [o povo] pode dizer a
segunda vez, a terceira vez". "O
que importa para mim é que o
sistema de disputa seja democrático."
Segundo o brasileiro, o índice
para saber se um processo é democrático é a possibilidade de
candidatos concorrerem "nas
mesmas condições", e não o veto às reeleições.
Ainda na defesa de Chávez,
Lula citou exemplos de sistemas parlamentaristas na Europa: "Temos de ver quanto tempo ficou [a premiê britânica
(1979-1990)] Margaret Thatcher". Também afirmou que a
pergunta sobre terceiro mandato só é feita para presidentes
de esquerda. "[O presidente da
Colômbia, Álvaro] Uribe também quer um terceiro mandato
e ninguém pergunta por que ele
deseja o terceiro mandato."
O Senado colombiano analisa projeto de referendo sobre o
tema, com apoio tácito do presidente Uribe.
Em sua própria defesa, Chávez negou que queira se perpetuar no poder: "Não é que eu
queira seguir no poder. Aqui há
um projeto, há uma democracia, e é o povo que decide quem
vai governar", disse ele. Recentemente ele mencionou precisar de mais dez anos para implantar seu planos no governo.
A realização do referendo no
dia 15, menos de dois meses depois de eleições regionais onde
o governo foi derrotado em
centros urbanos importantes,
foi uma sugestão do próprio
Chávez, que vê a situação econômica do governo piorar com
a queda do preço do barril do
petróleo.
Analistas dizem que
medidas mais urgentes e impopulares para lidar com o tema
econômico, como a redução do
gasto público e a desvalorização da moeda, o bolívar, só serão tomadas após a consulta.
Colaborou FABIANO MAISONNAVE , enviado especial a El Dilúvio
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