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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA DEMOCRATA
Hillary briga para reerguer campanha
Atrás nas finanças e nas pesquisas, senadora inicia ataques em anúncios e comícios para tentar frear Obama
Estrategistas da democrata calculam que ela tenha que vencer em pelo menos um Estado antes de Ohio e do Texas para reverter perdas
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A OHIO
Sem tanto dinheiro quanto o
adversário, no meio de uma série de derrotas para Barack
Obama e com altos funcionários ameaçando deixar seu comando, a campanha de Hillary
Clinton decidiu rever sua ação
e partir para o ataque. A avaliação é que a ex-primeira-dama
tem de vencer em pelo menos
um Estado antes da "mini-Superterça" de 4 de março.
Naquele dia, quatro Estados
participam desse processo preliminar das eleições presidenciais americanas, em que cada
partido majoritário escolhe
seus candidatos.
Hillary é favorita nos dois
maiores, Texas e Ohio, com
mais de dez pontos percentuais
à frente de Obama, segundo
pesquisas divulgadas na quinta-feira. Até lá, porém, outros
três estão em jogo.
Em dois dias, Havaí e Wisconsin vão às urnas. O senador
é favorito tanto no primeiro,
onde nasceu, quanto no segundo, onde está à frente nas pesquisas com até quatro pontos
percentuais, segundo o site
agregador de levantamentos
"RealClearPolitics".
O comando de Hillary acredita que vencer em Wisconsin colocaria uma trava no viés de alta por que passa a candidatura
de seu oponente. Poderia estancar também a corrente de
apoios de redutos tradicionais
de Hillary que estão passando
para Obama.
Nos últimos dias, mudaram
de lado dois poderosos sindicatos, que somam pelo menos 3,2
milhões de membros.
Ataques diretos
Para tanto, três ações foram
delineadas por Mark Penn, estrategista político, e Guy Cecil,
diretor político da campanha:
ataques mais diretos e freqüentes a Obama por Hillary em comícios, veiculação de anúncios
negativos -pela primeira vez
entre os pré-candidatos democratas nesta campanha-, e nova investida na arrecadação de
fundos.
"Debate", o primeiro anúncio negativo, entrou no ar na
quarta-feira em Wisconsin e
questiona as razões de Obama
para não querer se encontrar
mais vezes com a senadora na
TV -foram dezoito debates
desde o começo da corrida, no
ano passado, mas apenas um
em que somente os dois se enfrentaram. Na sexta, outro
anúncio entrou no ar.
"Deserves" é mais direto:
"Barack está se escondendo",
provoca o locutor. "Talvez ele
não queira explicar porque seu
plano de saúde pública deixa 15
milhões de pessoas de fora. Ou
por que votou a favor de lei de
Bush que favoreceu as empresas petrolíferas, mas Hillary
não. Ou por que ele disse que
pode aumentar a idade mínima
de aposentadoria e cortar benefícios da Previdência", prossegue a voz.
Isso acontece na mesma semana em que Hillary, Bill e
Chelsea tomaram Ohio de assalto, depois de lançar a nova
fase da campanha no Texas. Os
três participaram de mais de
dez eventos no Estado, considerado vital por ser uma espécie de "mini-Estados Unidos"
em termos demográficos e por
ter um histórico "independente" -ou seja, sem clara tendência democrata ou republicana.
Dinheiro próprio
Nos próximos dias, também,
o trio realiza dezesseis eventos
para levantar fundos, num
blitzkrieg destinado a equilibrar as finanças da campanha
da ex-primeira-dama, que teve
de emprestar US$ 5 milhões de
seu próprio bolso, e alcançar o
ritmo de arrecadação de Barack
Obama, que já ultrapassa US$ 1
milhão por dia.
Para o democrata Ted Strickland, governador de Ohio, a situação entre os dois pré-candidatos precisa se definir antes da
convenção do partido, no final
de agosto, para que os democratas ainda tenham coesão para enfrentar o republicano
John McCain. "Apoiaremos
quem for o escolhido, mas sei
que Hillary é a mais preparada
para a briga com o senador
John McCain", disse ele à Folha, após comício na quinta.
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