São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA DEMOCRATA

Hillary briga para reerguer campanha

Atrás nas finanças e nas pesquisas, senadora inicia ataques em anúncios e comícios para tentar frear Obama

Estrategistas da democrata calculam que ela tenha que vencer em pelo menos um Estado antes de Ohio e do Texas para reverter perdas

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A OHIO

Sem tanto dinheiro quanto o adversário, no meio de uma série de derrotas para Barack Obama e com altos funcionários ameaçando deixar seu comando, a campanha de Hillary Clinton decidiu rever sua ação e partir para o ataque. A avaliação é que a ex-primeira-dama tem de vencer em pelo menos um Estado antes da "mini-Superterça" de 4 de março.
Naquele dia, quatro Estados participam desse processo preliminar das eleições presidenciais americanas, em que cada partido majoritário escolhe seus candidatos.
Hillary é favorita nos dois maiores, Texas e Ohio, com mais de dez pontos percentuais à frente de Obama, segundo pesquisas divulgadas na quinta-feira. Até lá, porém, outros três estão em jogo.
Em dois dias, Havaí e Wisconsin vão às urnas. O senador é favorito tanto no primeiro, onde nasceu, quanto no segundo, onde está à frente nas pesquisas com até quatro pontos percentuais, segundo o site agregador de levantamentos "RealClearPolitics".
O comando de Hillary acredita que vencer em Wisconsin colocaria uma trava no viés de alta por que passa a candidatura de seu oponente. Poderia estancar também a corrente de apoios de redutos tradicionais de Hillary que estão passando para Obama.
Nos últimos dias, mudaram de lado dois poderosos sindicatos, que somam pelo menos 3,2 milhões de membros.

Ataques diretos
Para tanto, três ações foram delineadas por Mark Penn, estrategista político, e Guy Cecil, diretor político da campanha: ataques mais diretos e freqüentes a Obama por Hillary em comícios, veiculação de anúncios negativos -pela primeira vez entre os pré-candidatos democratas nesta campanha-, e nova investida na arrecadação de fundos.
"Debate", o primeiro anúncio negativo, entrou no ar na quarta-feira em Wisconsin e questiona as razões de Obama para não querer se encontrar mais vezes com a senadora na TV -foram dezoito debates desde o começo da corrida, no ano passado, mas apenas um em que somente os dois se enfrentaram. Na sexta, outro anúncio entrou no ar.
"Deserves" é mais direto: "Barack está se escondendo", provoca o locutor. "Talvez ele não queira explicar porque seu plano de saúde pública deixa 15 milhões de pessoas de fora. Ou por que votou a favor de lei de Bush que favoreceu as empresas petrolíferas, mas Hillary não. Ou por que ele disse que pode aumentar a idade mínima de aposentadoria e cortar benefícios da Previdência", prossegue a voz.
Isso acontece na mesma semana em que Hillary, Bill e Chelsea tomaram Ohio de assalto, depois de lançar a nova fase da campanha no Texas. Os três participaram de mais de dez eventos no Estado, considerado vital por ser uma espécie de "mini-Estados Unidos" em termos demográficos e por ter um histórico "independente" -ou seja, sem clara tendência democrata ou republicana.

Dinheiro próprio
Nos próximos dias, também, o trio realiza dezesseis eventos para levantar fundos, num blitzkrieg destinado a equilibrar as finanças da campanha da ex-primeira-dama, que teve de emprestar US$ 5 milhões de seu próprio bolso, e alcançar o ritmo de arrecadação de Barack Obama, que já ultrapassa US$ 1 milhão por dia.
Para o democrata Ted Strickland, governador de Ohio, a situação entre os dois pré-candidatos precisa se definir antes da convenção do partido, no final de agosto, para que os democratas ainda tenham coesão para enfrentar o republicano John McCain. "Apoiaremos quem for o escolhido, mas sei que Hillary é a mais preparada para a briga com o senador John McCain", disse ele à Folha, após comício na quinta.


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