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Democracia de votação deve ajudar em adesão a Mercosul, diz Amorim
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chanceler Celso Amorim
destacou que o referendo que
permitiu ao presidente Hugo
Chávez disputar sucessivos
mandatos foi "democrático e
pacífico" e deve favorecer a decisão do Congresso pela entrada da Venezuela no Mercosul.
A comissão brasileira no Parlamento do Mercosul se reúne
amanhã para votar o parecer do
deputado Dr. Rosinha (PT-PR),
pelo ingresso da Venezuela no
bloco econômico. A tendência é
de aprovação, com os votos
contrários do DEM e do PSDB.
Amorim fez duas analogias
para defender a emenda constitucional na Venezuela. A primeira com os premiês Winston
Churchill e Margaret Thatcher,
que tiveram mandatos longevos no Parlamentarismo britânico: "Tem gente que acha que
para eles podia, mas para presidentes não pode. Eu não acho".
A segunda foi com a República Velha no Brasil: "Os presidentes tinham quatro anos de
mandato, sem reeleição, e o poder circulava entre certas elites. Aquilo era democrático?".
Amorim, que participa de
reuniões hoje em Brasília com
o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe -outro que aspira a
um terceiro mandato, embora
negue publicamente-, disse
não acreditar que a decisão venezuelana possa "contaminar"
a região: "Não seria natural. Tudo depende do grau de evolução do próprio país".
Para o chanceler, Chávez ganhou o direito de concorrer
mais vezes, não o de se perpetuar no poder por imposição.
"Em política, não há "para sempre", e ele [Chávez] não estabeleceu uma ditadura de 20 ou 30
anos. Tudo está sujeito a eleições, o que é democrático. A
Venezuela vive uma democracia. Há presos políticos lá?"
Quanto ao Brasil, o chanceler
disse que cabe ao país "manter
sua política de persuasão em alguns temas e continuar sendo
um parceiro" da Venezuela.
"Não interessa a ninguém um
isolamento de qualquer país, e
é importante a Venezuela deixar de ser um país de produto
único [petróleo] para um mercado único [EUA]. Essa é a gênese do problema."
Também para Marco Aurélio
Garcia, assessor especial da
Presidência para Assuntos Internacionais, a vitória de Chávez não terá impacto na região
e não significa que ele vai ficar
indefinidamente no poder. "É
normal, houve uma consulta
democrática (...) Se ele vai ganhar ou não, daqui até 2012..."
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