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Rússia adere a cerco do Ocidente ao Irã
Em carta do dia 12 à AIEA, assinada ainda por EUA e França, país condena a "escalada" nuclear recente do aliado persa
Moscou afirma também não descartar novas sanções no Conselho de Segurança da ONU, onde a China ainda resiste em aprovar punições
Raheb Homavandi/Reuters
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Mahmoud Ahmadinejad fala em encontro com jornalistas, emTeerã; iraniano diz que reação a punição fará Ocidente "se arrepender"
DA REDAÇÃO
Em carta enviada à AIEA
(agência nuclear ligada à ONU)
no último dia 12, mas só revelada ontem, a Rússia oficializou
enfim a adesão ao Ocidente na
condenação à suposta "escalada" nuclear do Irã, reforçando o
cerco diplomático ao país pela
aplicação de novas sanções no
Conselho de Segurança (CS).
No texto de uma página assinado ainda por EUA e França,
as potências qualificam de "totalmente injustificado" o anúncio de Teerã, no último dia 7, de
passar a enriquecer urânio em
suas instalações a 20% -grau
apropriado para fim medicinal.
"Se o Irã continuar com essa
escalada, provocará ainda mais
preocupação quanto às suas intenções", afirmam. "[A decisão]
contraria resoluções do CS e representa novo passo na direção
da capacidade de produzir urânio altamente enriquecido."
Atualmente, o Irã enriquece
urânio a apenas 3,5% -baixo
grau, apropriado para a produção de energia-, e um avanço
até 20% seria, segundo especialistas, passo fundamental para
a capacidade de produção de
urânio altamente enriquecido.
O aumento a esse nível é permitido pelo TNP (o Tratado de
Não Proliferação), do qual Teerã é signatário, mas as potências ocidentais temem que a decisão sirva para a posterior produção do material ao grau próprio para ser utilizado em bombas atômicas -de mais de 90%.
O Irã nega ter essa intenção,
alegando que seu programa nuclear possui fim exclusivamente pacífico. No último dia 11, no
entanto, véspera do envio da
carta das potências à AIEA, o
presidente iraniano, Mahmoud
Ahmadinejad, declarou o país
"Estado nuclear" e disse que o
Irã seria capaz, caso quisesse,
de produzir urânio enriquecido
a 80% -o que violaria o TNP.
A decisão da Rússia confirma
indícios, que se acumulavam
nos últimos dias, de que Moscou apoia a movimentação das
potências ocidentais para endurecer o tratamento dispensado ao país persa em virtude
do esgotamento da diplomacia.
Segundo a agência russa RIA
Novosti, o presidente Dmitri
Medvedev garantiu ao premiê
israelense, Binyamin Netanyahu, em reunião anteontem, que
Moscou apoiaria novas sanções
na ONU -o que foi reiterado
ontem pela porta-voz do russo.
Com a adesão russa à posição
defendida pelos membros ocidentais do CS com poder de veto -EUA, França e Reino Unido-, falta apenas convencer a
China, que mantém fortes laços
econômicos com Teerã, a aplicar as punições contra o aliado.
EUA
A secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, defendeu
ontem na Arábia Saudita a aplicação de sanções ao Irã, alegando não haver provas de que o
país não busca a bomba atômica e que essa possibilidade pode
desatar uma corrida armamentista no Oriente Médio. Hillary
realiza um giro pela região para
buscar apoio à medida no CS.
Segundo pesquisa do instituto Gallup, 61% dos americanos
veem o aumento de poder militar iraniano como uma ameaça
grave à segurança dos EUA.
Com agências internacionais
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