São Paulo, quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

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Rússia adere a cerco do Ocidente ao Irã

Em carta do dia 12 à AIEA, assinada ainda por EUA e França, país condena a "escalada" nuclear recente do aliado persa

Moscou afirma também não descartar novas sanções no Conselho de Segurança da ONU, onde a China ainda resiste em aprovar punições


Raheb Homavandi/Reuters
Mahmoud Ahmadinejad fala em encontro com jornalistas, emTeerã; iraniano diz que reação a punição fará Ocidente "se arrepender"

DA REDAÇÃO

Em carta enviada à AIEA (agência nuclear ligada à ONU) no último dia 12, mas só revelada ontem, a Rússia oficializou enfim a adesão ao Ocidente na condenação à suposta "escalada" nuclear do Irã, reforçando o cerco diplomático ao país pela aplicação de novas sanções no Conselho de Segurança (CS).
No texto de uma página assinado ainda por EUA e França, as potências qualificam de "totalmente injustificado" o anúncio de Teerã, no último dia 7, de passar a enriquecer urânio em suas instalações a 20% -grau apropriado para fim medicinal.
"Se o Irã continuar com essa escalada, provocará ainda mais preocupação quanto às suas intenções", afirmam. "[A decisão] contraria resoluções do CS e representa novo passo na direção da capacidade de produzir urânio altamente enriquecido."
Atualmente, o Irã enriquece urânio a apenas 3,5% -baixo grau, apropriado para a produção de energia-, e um avanço até 20% seria, segundo especialistas, passo fundamental para a capacidade de produção de urânio altamente enriquecido.
O aumento a esse nível é permitido pelo TNP (o Tratado de Não Proliferação), do qual Teerã é signatário, mas as potências ocidentais temem que a decisão sirva para a posterior produção do material ao grau próprio para ser utilizado em bombas atômicas -de mais de 90%.
O Irã nega ter essa intenção, alegando que seu programa nuclear possui fim exclusivamente pacífico. No último dia 11, no entanto, véspera do envio da carta das potências à AIEA, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, declarou o país "Estado nuclear" e disse que o Irã seria capaz, caso quisesse, de produzir urânio enriquecido a 80% -o que violaria o TNP.
A decisão da Rússia confirma indícios, que se acumulavam nos últimos dias, de que Moscou apoia a movimentação das potências ocidentais para endurecer o tratamento dispensado ao país persa em virtude do esgotamento da diplomacia.
Segundo a agência russa RIA Novosti, o presidente Dmitri Medvedev garantiu ao premiê israelense, Binyamin Netanyahu, em reunião anteontem, que Moscou apoiaria novas sanções na ONU -o que foi reiterado ontem pela porta-voz do russo.
Com a adesão russa à posição defendida pelos membros ocidentais do CS com poder de veto -EUA, França e Reino Unido-, falta apenas convencer a China, que mantém fortes laços econômicos com Teerã, a aplicar as punições contra o aliado.

EUA
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, defendeu ontem na Arábia Saudita a aplicação de sanções ao Irã, alegando não haver provas de que o país não busca a bomba atômica e que essa possibilidade pode desatar uma corrida armamentista no Oriente Médio. Hillary realiza um giro pela região para buscar apoio à medida no CS.
Segundo pesquisa do instituto Gallup, 61% dos americanos veem o aumento de poder militar iraniano como uma ameaça grave à segurança dos EUA.

Com agências internacionais



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