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EUA e Paquistão detêm número 2 do Taleban
Captura de mulá Baradar é importante vitória para Washington e sinaliza cooperação de Islamabad contra os radicais
Detenção de líder militar, negada pelos insurgentes, é a principal desde o início da guerra afegã, em 2001, mas seu impacto ainda é incerto
DA REDAÇÃO
Uma operação conjunta entre o serviço de inteligência paquistanês e a CIA prendeu o
principal chefe militar do Taleban, o mulá Abdul Ghani Baradar, informou na madrugada de
ontem o "New York Times". A
detenção é considerada a mais
significativa desde a invasão
americana do Afeganistão, em
2001.
Baradar é o segundo na hierarquia do Taleban afegão -em
seguida ao mulá Omar, líder espiritual, idealizador do grupo
radical e próximo a Osama bin
Laden. É suspeito de fazer a
ponte com outras organizações
radicais, incluindo a rede terrorista Al Qaeda.
A operação de captura ocorreu há alguns dias, em Karachi,
sul do Paquistão. Mas o "New
York Times" tardou em divulgar a informação a pedido da
Casa Branca, para não prejudicar o serviço de inteligência de
campo, pois acreditava-se que
subordinados de Baradar não
soubessem de sua prisão.
O Taleban, no entanto, diz
que Baradar está em liberdade
e que o anúncio da prisão visa
desviar atenção da ofensiva militar em curso na cidade de
Marjah, iniciada pela Otan
(aliança militar ocidental) e pelas forças afegãs para recuperar
o controle do local, considerado um importante bastião insurgente no sul do Afeganistão.
A Casa Branca também não
confirmou a operação, mas diversas autoridades americanas
e paquistanesas atestaram, sob
condição de anonimato, que a
detenção ocorreu.
A prisão de Baradar marca
não só uma vitória importante
do governo Barack Obama na
luta contra os extremistas, como também pode sinalizar um
marco de cooperação entre
EUA e Paquistão, em geral relutante em enfrentar o Taleban.
Autoridades dos EUA creem
que o ISI, serviço de inteligência paquistanês, poderia ter
prendido Baradar há anos, mas
que só agora Islamabad está cedendo à pressão americana e
temendo que o apoio secreto ao
Taleban possa colocar em perigo seu próprio governo.
A dimensão dessa cooperação, no entanto, é limitada. O
Paquistão ainda é considerado
um abrigo seguro para o grupo
radical, principalmente em
momentos em que os combates
com os EUA se acirram na porosa divisa com o Afeganistão.
Impacto
Ainda não está claro como a
captura afetará o combate ao
Taleban no Afeganistão. Enquanto alguns analistas dizem
que a ausência do líder militar
pode deixar o comando do grupo desestabilizado no curto
prazo, dando vantagem às forças aliadas, outros citaram a capacidade dos radicais em
preencher vácuos após a detenção de integrantes.
Para o coronel David Lapan
-que não quis confirmar a prisão de Baradar-, porta-voz do
Pentágono, experiências prévias indicam que capturas como a de Baradar costumam ter
"impacto imediato" nas ações
do Taleban. "Mas o quanto leva
para eles se reconstituírem, depende da situação."
Baradar está sob custódia das
autoridades paquistanesas,
sendo interrogado também por
oficiais da CIA.
Acredita-se que o mulá liderasse ações militares do Taleban no sul e oeste do Afeganistão, além de ter feito uma espécie de manual de bolso do grupo, ensinando aos insurgentes
como evitar a morte de civis e
conquistar sua confiança.
Ele também chefia um conselho de lideranças do Taleban,
chamado Quetta Shura por ter
seu esconderijo na cidade paquistanesa de Quetta. Segundo
a Interpol, ele nasceu em 1968
em Weetmak, no Afeganistão, e
vinha ascendendo na organização, principalmente após o 11
de Setembro. O nome de guerra
Baradar, que significa "irmão",
foi dado a ele pelo mulá Omar
como sinal de respeito.
Com agências internacionais e "New York Times"
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