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ANÁLISE
Engajamento paquistanês é sinal animador
JAMES LAMONT
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA DÉLI
Para os que esperam contar
com o Exército do Paquistão na
luta ao terror, a captura do líder
do Taleban afegão, em Karachi,
é um sinal animador.
As forças da Otan (aliança
militar ocidental) entendem
que, para levar estabilidade ao
Afeganistão e pôr fim à guerra
no cinturão pashtun do sul do
país, precisam da cooperação
do Exército do Paquistão. Sem
isso, as campanhas militares
nas regiões fronteiriças de Helmand, Candahar e outras estão
fadadas a se arrastar, enquanto
as listas de mortos aumentam.
Planejadores militares falam
em estrangular os militantes do
Taleban e da Al Qaeda por todos os lados. Autoridades da
Otan também falam de um engajamento maior com o Paquistão, usando a Turquia
-membro da Otan e país de
maioria muçulmana- e seus
diplomatas como facilitadores
em Islamabad.
De modo similar, líderes ocidentais vêm exortando o Paquistão a abandonar suas lealdades antigas a militantes que
operam em seu solo e, em vez
disso, enxergar o Taleban afegão, o Taleban paquistanês e os
grupos como o Lashkar-e-Taiba, criados para atacar a arquirrival do Paquistão, Índia, como
partes da mesma ameaça.
A captura, no Paquistão, de
Abdul Ghani Baradar é prova
de que a mensagem está chegando a seus alvos -o que leva
ânimo às capitais ocidentais.
Após décadas de apoio a atividades militantes nos vizinhos
Índia e Afeganistão, trata-se de
um passo grande para Islamabad. Afinal, o Taleban foi, em
certa medida, criação do Paquistão, quando o país buscou
expandir influência ao Afeganistão, no final da Guerra Fria.
Um passo muito maior, contudo, é o que virá a seguir. Primeiro, é preciso que as prisões
levem a julgamentos e condenações. As capturas de militantes no Paquistão raramente ou
nunca levam a condenações.
Os vizinhos do Paquistão falam de prisões em "porta giratória", nas quais os militantes e
seus mentores parecem possuir uma habilidade mágica para escapar das guerras de um
sistema legal mal equipado para julgar casos de terror.
Em segundo lugar, é preciso
que o Exército e a sociedade civil do Paquistão levem adiante
o esforço contra os militantes.
Pode ser tentador reagir à pressão internacional, fazendo algumas prisões e lançando alguns ataques, para depois
abrandar a ação. E a ameaça
militante crescente dentro do
Paquistão também pode solapar a vontade política de desmontar as redes militantes.
Em terceiro lugar, a liderança dos movimentos militantes
na região possui uma capacidade notável de regeneração. Baitullah Mehsud, o temível líder
do Taleban paquistanês, foi rapidamente substituído por outro membro de seu clã, Hakimullah Mehsud. Este, morto
recentemente em um ataque
de avião americano não tripulado, sem dúvida dará lugar a
outro integrante do clã.
Controlar esses líderes é algo
que vai atingir o coração do Paquistão, país criado há seis décadas, com o fim do domínio
colonial britânico da Índia, e
que se tornou um Estado unificado moderno.
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