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Esquerda confirma avanço no 2º turno municipal francês
Socialistas mantêm Paris e Lyon e ganham Estrasburgo e Toulose; governistas ficam com a cidade de Marselha
Cientista político diz que pleito teve em cidades maiores eleitor preocupado com questões nacionais; abstenção foi recorde
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
O segundo turno das eleições
municipais na França confirmou ontem a tendência do primeiro turno, no último dia 9:
uma vitória da esquerda em cidades importantes. Com 89%
dos votos apurados, o Partido
Socialista e seus aliados tinham
48,7% dos votos, contra 47,6%
do bloco do presidente Nicolas
Sarkozy. A abstenção, de
33,5%, foi a maior em pleitos
municipais desde 1959.
Em Paris, Bertrand Delanoë,
do partido socialista, foi reeleito, superando a candidata de
direita Françoise de Panafieu,
da UMP (partido do presidente). A cidade de Estrasburgo, ao
norte da França, era outra carta
importante da disputa. Conservadora e historicamente com
um eleitorado à direita, o município elegeu Roland Ries, do PS.
Os socialistas também venceram em Toulouse, tradicional
nicho dos conservadores.
A direita reelegeu seus prefeitos de Marselha (a terceira
maior cidade francesa), Le Havre e Le Mans. Mas perdeu para
os socialistas cidades como
Metz, Reims, Caem e Amiens.
A vitória dos socialistas foi
comemorada pelos principais
nomes do partido, como François Hollande, primeiro-secretário, e Ségolène Royal, ex-candidata à Presidência.
Nas paralelas eleições regionais, as projeções indicavam
que os socialistas venceriam
em mais sete departamentos
além dos 51 que já detinham. A
França metropolitana é dividida em 95 departamentos.
Apesar do perfil local das
eleições, não há como descartar
os reflexos nacionais do resultado deste domingo na política
nacional francesa.
"Em relação ao comportamento eleitoral, calcula-se que
dois terços dos eleitores levam
em consideração, principalmente, as questões locais. Mas,
na cabeça do eleitor, há também as questões nacionais. Hoje [ontem] vota-se principalmente nas grandes cidades em
que o primeiro turno não foi
conclusivo. Nessas grandes cidades, as questões nacionais
são mais importantes e as pessoas são mais politizadas, o que
faz com que essa eleição tenha
um peso diferente", disse à Folha o cientista político Stéphane Montclaire, professor da
Universidade Sorbonne.
Logo após a divulgação das
primeiras estimativas, o primeiro-ministro francês, François Fillon, enfatizou que a escolha do eleitorado sobre os rumos da política francesa foi
realizada nas eleições presidencial e legislativa de 2007.
Na ocasião, a direita saiu vencedora. O premiê francês também minimizou o avanço da esquerda nas cidades médias e
nos departamentos. A seu ver,
"a esquerda retomou apenas
parcialmente suas posições".
Mas, para o professor Montclaire, a mensagem dos eleitores foi clara ao presidente Sarkozy. "O eleitorado parece ter
expressado uma relativa desilusão com o governo de Sarkozy." Eleito com a promessa
de restabelecer o poder aquisitivo no país, até o momento as
medidas anunciadas pelo presidente surtiram pouco ou nenhum efeito. O premiê francês
parece ter entendido o recado:
"Vamos continuar a batalhar
pelo poder aquisitivo", disse.
Centro flutuante
Além do desempenho da esquerda, a eleição desse domingo foi ambígua para o partido
de centro MoDem, do ex-candidato à presidência François
Bayrou. Bayrou foi derrotado
em Pau, maior cidade de sua região e base eleitoral, o sul próximo dos Pirineus. Os candidatos
do MoDem aliaram-se no segundo turno indistintamente
com o finalista da esquerda e da
direita. Isso levou o partido a
diluir sua identidade.
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