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Netanyahu convida líder radical a chefiar diplomacia
Decisão abre caminho para que Israel seja governado por coalizão de siglas direitistas contrárias à devolução de terras aos palestinos
DA REUTERS
Virtual novo premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, líder do partido direitista Likud,
convidou ontem o dirigente do
ultranacionalista Israel Beitenu, Avigdor Liberman, para
ocupar o cargo de vice-premiê e
chanceler. O Israel Beitenu
ocuparia, além do Ministério
das Relações Exteriores, quatro
outras pastas, e se tornaria a segunda força da coalizão liderada por Netanyahu.
O convite, ainda sujeito a negociações partidárias, é fruto de
um acordo firmado entre Netanyahu e Liberman que abre
caminho para a formação de
uma coalizão só com siglas de
direita, contrárias a concessões
territoriais aos palestinos e favoráveis à expansão dos assentamentos na Cisjordânia -na
contramão do defendido pelos
EUA, principal aliado de Israel.
A perspectiva de Liberman
chefiar a diplomacia israelense
causa preocupação nos meios
diplomáticos. O chefe da política externa da União Europeia,
Javier Solana, disse que só "trabalhará normalmente com um
governo israelense disposto a
continuar negociando uma solução de dois Estados". Solana
se referia à ideia que norteia as
negociações com os palestinos
desde os Acordos de Oslo
(1993) e é vista com ceticismo
por Netanyahu.
Pelo pacto acordado ontem,
os líderes do Likud e do Kadima
se comprometem a cumprir
dois objetivos estratégicos com
potencial explosivo: "derrubar
o governo do Hamas na faixa de
Gaza" e "fazer o máximo esforço, principalmente em relação
à comunidade internacional,
para impedir o armamento nuclear do Irã, enfatizando que
um Irã nuclearizado, que representaria um perigo para Israel, é inaceitável".
A concessão de um alto cargo
a Liberman mostra que o apoio
do Israel Beitenu é crucial para
que Netanyahu consolide a sua
maioria parlamentar.
Nas eleições legislativas de 10
de fevereiro, o Likud obteve
menos assentos do que o centrista Kadima, da atual chanceler Tzipi Livni (27 a 28 cadeiras). Mas, por ter promessas de
apoio de 65 dos 120 membros
do Parlamento unicameral, Netanyahu foi incumbido pelo
presidente Shimon Peres de
formar um governo.
Com os 15 votos do Israel
Beitenu assegurados pelo pacto
de ontem, Netanyahu agora
tem até 3 de abril para selar o
apoio de mais 19 parlamentares
e ser oficializado como premiê,
cargo que já ocupou (1996-99).
A opção de Netanyahu a um
governo só da direita é montar
uma coalizão que inclua Tzipi
Livni, que até agora vem rejeitando seus acenos acusando-o
de ser contrário à paz. Caso o
Kadima de Livni aceite entrar
no governo, a repartição das
pastas seria revista e Liberman
perderia os cargos de vice-premiê e chanceler.
O premiê interino, Ehud Olmert, tenta fechar antes de deixar o cargo um acordo com o
Hamas para a libertação do cabo Gilad Shalit, sequestrado em
2006. Mas a última rodada de
negociações fracassou ontem
no Cairo. O grupo islâmico exige a libertação de 1.400 palestinos de prisões israelenses.
Com agências internacionais
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