São Paulo, terça-feira, 17 de março de 2009

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Austrália reduz cota para trabalhadores imigrantes

País culpa crise e limita entrada de estrangeiros; Espanha cria incentivo à repatriação

Pesquisa do "Financial Times" revela que maioria dos europeus apoia medidas para mandar de volta imigrantes desempregados

REDAÇÃO

O governo da Austrália anunciou ontem que reduzirá em 14% a quantidade de imigrantes que receberão autorização para trabalhar no país a partir de junho.
O país estabelece, a cada ano, cotas de profissionais qualificados que podem imigrar. Nos últimos dez anos, o número total de autorizações vinha crescendo, sob impulso do crescimento econômico.
Agora, com a crise econômica mundial e um índice de desemprego que aumentou de 4,8%, em janeiro, para 5,2%, em fevereiro, o governo de centro-esquerda decidiu cortar a cota de trabalhadores imigrantes de 133.500, válida até junho deste ano, para 115.000 no período até meados de 2010. Segundo estimativas do Itamaraty, há cerca de 12 mil brasileiros vivendo na Austrália atualmente.
"A conjuntura econômica na Austrália mudou", disse o ministro da Imigração, Chris Evans, para justificar o corte. Ele no entanto declarou que a redução da cota será temporária e que voltará a crescer quando "as condições melhorarem".
A medida também impedirá a entrada no país de alguns profissionais menos qualificados, como pedreiros, encanadores, carpinteiros e eletricistas. A demanda principal por trabalho "estrangeiro" estará em áreas de maior especialização, como médicos, engenheiros e profissionais de informática.
"A Austrália precisa manter um programa de imigração, mas um que seja mais direcionado", afirmou o ministro da Imigração.
Um especialista em imigração e mercado de trabalho no país, Robert Kinnaird, disse à agência de notícias Reuters que o crescente desemprego tem aumentado o ressentimento de algumas categorias de trabalhadores locais em relação aos estrangeiros.
Também na Europa há sinais de rejeição crescente aos imigrantes. Uma pesquisa divulgada pelo jornal "Financial Times" revela que 79% dos italianos, 78% dos britânicos, 71% dos espanhóis, 67% dos alemães e 51% dos franceses apoiariam medidas de seus governos para mandar de volta para casa imigrantes desempregados. O diário econômico afirma que a pesquisa "demonstra o risco de tensões sociais em relação à imigração e ao uso de trabalho estrangeiro" na Europa.
Na Espanha já existe, desde o ano passado, um programa que oferece benefícios sociais em dinheiro a imigrantes desempregados em troca da garantia de que sairão do país e não regressarão à Espanha durante, no mínimo, três anos.
O programa oferece 40% do benefício total do seguro-desemprego antes da partida, e 60% a serem recebidos quando o trabalhador já estiver em seu país de origem.


Com agências internacionais


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