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Em dia de violência, EUA cancelam viagem a Israel
Contrariada por novas construções, Casa Branca adia visita de enviado ao Oriente Médio
Violentos confrontos entre palestinos e israelenses deixaram ao menos cem feridos em Jerusalém Oriental, foco de conflito
DE JERUSALÉM
Em dia de violentos confrontos entre palestinos e israelenses, o governo americano voltou a cobrar de Israel comprometimento com o processo de
paz, depois da irritação causada
pela ampliação de um bairro judeu em Jerusalém Oriental. Ao
menos cem pessoas ficaram feridas nos choques.
A crise levou os EUA a cancelar a viagem de seu enviado para o Oriente Médio, George
Mitchell, que deveria ter chegado ontem para conduzir negociações indiretas entre Israel e
os palestinos.
A decisão foi tomada após Israel anunciar, em plena visita
ao país do vice-presidente americano, Joe Biden, a construção
de 1.600 novos apartamentos
em Jerusalém Oriental. Imediatamente teve início uma
chuva de críticas americanas de
rara intensidade contra Israel,
aliado histórico dos EUA.
O Departamento de Estado
americano informou que em
vez de ir para Israel e territórios palestinos, Mitchell seguirá direto para Moscou, onde na
sexta-feira se reunirá com representantes do Quarteto de
mediação do Oriente Médio
(além de EUA, União Europeia,
Rússia e ONU).
Ontem, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton,
que também participará da
conversa na capital russa, procurou, entretanto, colocar panos quentes na crise com Israel. Ela afirmou que os dois
países têm uma relação "próxima e inabalável", mas disse esperar de Israel "provas de que
está comprometido com a paz".
Num clima político cada vez
mais acalorado, manifestantes
palestinos enfrentaram ontem
soldados israelenses , aderindo
ao "dia de ira" convocado pelo
Hamas e outros grupos palestinos e islâmicos.
A violência começou em Jerusalém Oriental e arredores,
com jovens palestinos jogando
pedras nos soldados e sendo rechaçados com gás lacrimogêneo. E se repetiu em outros
pontos de Israel, como Jaffa,
perto de Tel Aviv, onde dois
ônibus foram apedrejados.
A tensão em Jerusalém cresceu nos últimos dias, com a reabertura de uma antiga sinagoga
na cidade velha, que os palestinos temem que leve a atos de
extremistas israelenses na área
da mesquita de Al Aqsa.
Além disso, a construção de
casas para judeus na parte árabe da cidade, que os palestinos
reivindicam como sua futura
capital, inflamou os ânimos, levando ao colapso da incipiente
retomada do processo de paz.
(MARCELO NINIO)
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