São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2010

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Em dia de violência, EUA cancelam viagem a Israel

Contrariada por novas construções, Casa Branca adia visita de enviado ao Oriente Médio

Violentos confrontos entre palestinos e israelenses deixaram ao menos cem feridos em Jerusalém Oriental, foco de conflito


DE JERUSALÉM

Em dia de violentos confrontos entre palestinos e israelenses, o governo americano voltou a cobrar de Israel comprometimento com o processo de paz, depois da irritação causada pela ampliação de um bairro judeu em Jerusalém Oriental. Ao menos cem pessoas ficaram feridas nos choques.
A crise levou os EUA a cancelar a viagem de seu enviado para o Oriente Médio, George Mitchell, que deveria ter chegado ontem para conduzir negociações indiretas entre Israel e os palestinos.
A decisão foi tomada após Israel anunciar, em plena visita ao país do vice-presidente americano, Joe Biden, a construção de 1.600 novos apartamentos em Jerusalém Oriental. Imediatamente teve início uma chuva de críticas americanas de rara intensidade contra Israel, aliado histórico dos EUA.
O Departamento de Estado americano informou que em vez de ir para Israel e territórios palestinos, Mitchell seguirá direto para Moscou, onde na sexta-feira se reunirá com representantes do Quarteto de mediação do Oriente Médio (além de EUA, União Europeia, Rússia e ONU).
Ontem, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que também participará da conversa na capital russa, procurou, entretanto, colocar panos quentes na crise com Israel. Ela afirmou que os dois países têm uma relação "próxima e inabalável", mas disse esperar de Israel "provas de que está comprometido com a paz".
Num clima político cada vez mais acalorado, manifestantes palestinos enfrentaram ontem soldados israelenses , aderindo ao "dia de ira" convocado pelo Hamas e outros grupos palestinos e islâmicos.
A violência começou em Jerusalém Oriental e arredores, com jovens palestinos jogando pedras nos soldados e sendo rechaçados com gás lacrimogêneo. E se repetiu em outros pontos de Israel, como Jaffa, perto de Tel Aviv, onde dois ônibus foram apedrejados.
A tensão em Jerusalém cresceu nos últimos dias, com a reabertura de uma antiga sinagoga na cidade velha, que os palestinos temem que leve a atos de extremistas israelenses na área da mesquita de Al Aqsa.
Além disso, a construção de casas para judeus na parte árabe da cidade, que os palestinos reivindicam como sua futura capital, inflamou os ânimos, levando ao colapso da incipiente retomada do processo de paz.
(MARCELO NINIO)


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