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Violência em Caracas explode depois de 11 anos de chavismo
Só neste fim de semana, 67 pessoas foram assassinadas na capital venezuelana
Número é o mais alto do ano; em 2009, houve 140 homicídios por 100 mil habitantes, segundo uma estimativa independente
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Há três semanas, a advogada
Joaquina Alsina, 53, e sua filha,
Oriana, 20, foram encontradas
queimadas e baleadas depois de
serem sequestradas num bairro de classe média de Caracas.
Dias depois, três membros da
Polícia Metropolitana, controlada pelo Ministério do Interior, foram presos após manter
uma mulher em cativeiro dentro de uma delegacia de polícia.
Esses foram os casos de
maior repercussão do recente
aumento da criminalidade na
capital venezuelana, que acaba
de atravessar o fim de semana
mais violento do ano. Entre a
última sexta à noite e a madrugada de segunda, foram 67 assassinatos, entre ajustes de
contas, balas perdidas e latrocínios -um camelô foi assassinado por não entregar os sapatos
e o celular.
Estatísticas extraoficiais divulgadas na semana passada
pelo OVV (Observatório Venezuelano da Violência) mostram
que Caracas registrou 140 assassinatos por 100 mil habitantes no ano passado.
No mesmo período, ocorreram 16.047 homicídios na Venezuela, 3,5 vezes mais do que
os 4.500 de 1998, último ano
antes do governo Hugo Chávez.
O país tem cerca de 28 milhões
de habitantes.
Em comparação, o Estado de
São Paulo, com uma população
de pouco mais de 41 milhões,
registrou 4.771 homicídios em
2009, o que representa taxa de
10,95 assassinatos por 100 mil
no Estado -12,3 na região metropolitana de São Paulo.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a taxa
de homicídio é "epidêmica"
quando supera dez assassinatos por 100 mil habitantes.
O levantamento do OVV
mostra também um aumento
da impunidade -91% dos crimes ocorridos nos últimos três
anos não foram resolvidos. Em
2009, foram presos 1.491 ligados a assassinatos naquele ano.
Em 1998, foram 5.017 prisões
para um número de homicídios
72% menor.
Polícia bolivariana
Os números do OVV não foram contestados pelo governo
Chávez, que há cinco anos não
revela números nacionais de
estatísticas de violência.
A principal iniciativa do governo Chávez na área de segurança pública no último ano foi
a criação da PNB (Polícia Nacional Bolivariana), que atualmente atua apenas na região de
Sucre, zona oeste de Caracas.
Segundo o próprio Chávez, a
PNB conseguiu reduzir os homicídios em 72% na região desde o final de dezembro.
Apesar de a insegurança ser a
principal preocupação dos venezuelanos em todas as pesquisas de opinião, Chávez menciona pouco o assunto, e muitas
vezes para acusar a imprensa
privada de sensacionalismo.
Recentemente, no entanto, reconheceu que a criminalidade é
uma "ameaça para a revolução
bolivariana".
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