São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011 |
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Medo de radiação esvazia ruas de Tóquio THASSIA OHPHATA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TÓQUIO As ruas de Tóquio, sempre lotadas por multidões de trabalhadores, ontem estavam vazias. Empresas deram folga a funcionários e as escolas não abriram. Só era possível achar filas e multidões no aeroporto e em estações de trem -as principais portas de saída da capital. Muitos moradores foram embora ou estocaram água e comida e se fecharam em casa, com medo da nuvem de radiação produzida pelo acidente em Fukushima. A cidade de 39 milhões de habitantes, a mais densamente povoada do mundo, se tornou praticamente uma cidade fantasma. "Está parecendo domingo, não há carros na cidade", disse o motorista de táxi Kazushi Arisawa, 62. Ele esperava por passageiros por mais de uma hora em um centro empresarial, onde o embarque costuma ser praticamente imediato. A nuvem radioativa de Fukushima chegou à capital anteontem, tornando o índice de radiação na atmosfera três vezes mais alto que o normal. Contudo, até então o medo da população não tinha fundamento, pois mesmo elevada, a radiação ainda não apresentava riscos à saúde humana. RACIONAMENTO A paralisação e os atrasos em algumas linhas de trem e de metrô e o racionamento de energia elétrica -devido ao desligamento de centrais nucleares- fizeram muitas empresas darem folga aos funcionários. "Sem energia, não tem como a fábrica funcionar", disse o decasségui Felipe Murakami, 22, funcionário de uma indústria que produz bancos para automóveis. "Após o terremoto fui avisado que não iria trabalhar a semana toda, porque a Honda, a principal compradora, tinha cancelado sua produção", disse. Apreensivo ele disse que pensou em voltar ao Brasil. "Infelizmente, apesar da vontade, não posso voltar". AEROPORTO Países como França, Austrália, Sérvia e Croácia, orientaram seus cidadãos a saírem de Tóquio e das regiões afetadas pelo terremoto. Essa recomendação ajudou a reforçar a sensação de medo e lotar o aeroporto de estrangeiros que decidiram deixar o país. Um deles era o brasileiro Cristiano Alves Kaminishi, 31, que mora no Japão e viajava para uma competição de luta nos EUA. Em vez de voltar para casa após o campeonato, ele viajará ao Brasil. "Não sei se a usina vai ou não explodir. Não quero estar aqui para ver", disse. Texto Anterior: Ajuda: Saiba como fazer doação aos japoneses Próximo Texto: Tragédia no Japão: China suspende construção de novas usinas nucleares Índice | Comunicar Erros |
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