São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

Próximo Texto | Índice

"EIXO DO MAL"

Segundo o "Sunday Times", país prepara suicidas para o caso de ser alvo de uma ofensiva de EUA e Reino Unido

Irã tem 40 mil homens-bomba, diz jornal

DA REDAÇÃO

O regime iraniano vem treinando homens-bomba para atacar alvos americanos e britânicos, caso suas instalações nucleares sejam bombardeadas pelos dois países ocidentais. A informação foi publicada ontem, em Londres, pelo jornal "Sunday Times".
O jornal afirma existirem 40 mil voluntários nessas condições, e que parte deles integra uma unidade especial da Guarda Revolucionária iraniana.
Os integrantes dessa unidade participaram de um desfile militar, vestindo uniformes e trazendo bolsos para o transporte de explosivos ao redor da cintura.
Hassan Abbasi, coordenador do plano, afirmou que 29 alvos ocidentais já foram identificados. "Estamos prontos para atacar alvos americanos e britânicos caso nossas instalações nucleares sejam atingidas", afirmou, segundo gravação transcrita pelo "Times".
Ainda ontem a agência Reuters disse que cerca de 200 iranianos se alistaram como voluntários nos últimos três dias para praticar atentados terroristas contra interesses britânicos e americanos.
A informação foi dada por Mohammad Ali Samadi, da Comissão pela Comemoração dos Mártires, entidade iraniana que se diz independente do governo.
O alistamento, disse ele, vem sendo feito em Teerã, no mesmo prédio que abrigava a embaixada americana. Afirmou que 52 mil pessoas já se apresentaram como voluntárias para uma ofensiva terrorista contra os ocidentais.
Em Damasco, onde se encontrava ontem, o ex-presidente iraniano Hashemi Rafsanjani disse não acreditar que seja de interesse imediato de Washington o bombardeio do Irã.
Afirmou que o Conselho de Segurança não chegou a elaborar uma resolução nos termos desejados pelos Estados Unidos, e que os americanos estão em "guerra psicológica" contra seu país.
Rafsanjani disse ainda que os americanos não correriam o risco de uma nova guerra na região, sem discutir "seriamente" os efeitos que ela provocaria.
O Conselho de Segurança deu prazo ao Irã até o dia 28 para interromper o processo de enriquecimento de urânio. O ultimato já foi rejeitado. Os cinco membros permanentes do conselho e mais a Alemanha reúnem-se amanhã, em Moscou, para discutir novamente a questão.
No sábado, o jornal britânico "The Guardian" disse que, em exercícios conjuntos, os EUA e o Reino Unido já haviam feito em 2004 uma simulação de um ataque ao território do Irã.
Os exercícios ocorreram em Fort Belvior, na Virgínia. O Ministério da Defesa britânico respondeu ser "inconcebível" uma ação militar contra o Irã e disse que o exercício, realmente feito, procurava com cenário fictício medir o grau de resistência dos soldados.
Por sua vez, um colunista do "Washington Post" que já foi oficial de inteligência americano, William Arkin, disse que, antes de invadir o Iraque, em março de 2003, os EUA haviam detalhado um plano para atacar o Irã, por meio de mísseis, invasão terrestre e mobilização da Marinha para controlar o estreito de Hormuz.
Arkin, que trabalhou para o Exército americano nos anos 70 em Berlim Ocidental, disse que a operação contra o Irã era conhecida pelo nome de "Tirannt". Os britânicos também tomariam parte na operação, que chegou a ser objeto de exercícios no mar Cáspio. O comandante do treinamento foi o general americano John Abizaid.
Uma entidade privada americana, o Instituto pela Ciência e Segurança Internacional, distribuiu fotos de satélite que demonstram que o Irã construiu uma terceira passagem subterrânea para suas instalações nucleares em Isfahan.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Urbi et orbi: Papa pede solução negociada para crise
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.