São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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Quadro eclético compõe partido de nacionalista

DO ENVIADO A LIMA

Longe das raízes sindicais de partidos de esquerda tradicionais latino-americanos, o PNP (Partido Nacionalista Peruano), fundado no ano passado por Ollanta Humala, tem sua origem num pequeno grupo da classe média que, nos últimos meses, reuniu perfis tão distintos como um ex-diretor do Banco Central peruano e a líder cocaleira peruana.
"O partido é fundado quando Ollanta volta ao país e é fruto das discrepâncias com os etnocaceristas [que defendem a hegemonia indígena], representados por seus irmãos Antauro e Ulises e o seu pai, Isaac. E ele se define dentro da linha nacionalista", disse à Folha Daniel Abugatas, 50, porta-voz de Humala durante o primeiro turno e parlamentar eleito.
Empresário têxtil, filho de palestinos e estreante na política, Abugatas é um dos convidados por Humala no final do ano passado fora dos quadros do partido -20% dos candidatos ao Parlamentos foram escolhidos assim. Trata-se de uma verdadeira salada, que inclui um ex-presidente de clube de futebol e até a ex-jogadora de vôlei Cenaida Uribe, medalha de prata nas Olimpíadas de 1988.
Para a área econômica, Humala -visto como um perigo pelos mercados- compôs uma equipe pouco radical. A estrela é Gonzalo García, candidato a primeiro vice-presidente (O Peru tem dois vices).
Ex-diretor do Banco Central peruano no governo de Alejandro Toledo - adepto da ortodoxia macroeconômica-, García é o principal contrapreso da imagem radical de Humala, um tenente-coronel aposentado que ficou famoso ao comandar uma rebelião militar para exigir a renúncia do ex-presidente Alberto Fujimori, em 2000.
A convite de García, o coordenador econômico da campanha nacionalista é o professor de economia Felix Jimenez, também ex-integrante da equipe de Toledo e defensor da independência do Banco Central.
No outro lado do espectro nacionalista está a líder cocaleira Nancy Obregón, também eleita para o Parlamento e vinda do Departamento de Huánuco, principal reduto do narcotráfico peruano. (FM)


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