São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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Aluna brasileira achou que policiamento fosse "exagero"

DE WASHINGTON

Quando saiu das aulas da primeira parte da manhã, como faz todos os dias, a brasileira Ana Carolina Fontes, 21, estranhou a quantidade de carros de polícia em torno do prédio diante do ponto onde pega o ônibus que a leva para casa. "Isso é algum exagero dos americanos", pensou a estudante mineira de psicologia, que mora há 12 anos nos EUA.
"A ficha só caiu mesmo quando eu comecei a ouvir os primeiros tiros", contou ela à Folha, em entrevista por telefone. Então, ameaçou se agachar, mas depois saiu correndo, como faziam as outras pessoas à sua volta. A polícia os levou para um prédio em frente, pediu que subissem ao segundo andar e ficassem fora do alcance das janelas. "Foi horrível, ficamos lá sem saber o que estava acontecendo, com o alarme de emergência gritando nos nossos ouvidos", relembra ela.
Ana Carolina faz parte de uma pequena comunidade, que varia de dez a 30 pessoas -dependendo de com quem se fala-, que são os brasileiros da universidade Virginia Tech. Três são professores.
Um deles é João Setúbal, 50 anos, ex-professor da Unicamp, que mora nos EUA há três anos e é pesquisador do instituto de bioinformática local. "Eu estava de manhã trabalhando quando recebi um telefonema da diretora financeira do instituto informando o que houve e pessoas haviam sido feridas no dormitório", contou Setúbal.
Ele soube então que todas as portas do instituto haviam sido trancadas como medida de segurança e que o acesso a partir de então só se daria via cartão eletrônico. "Participei de uma reunião e, na volta, já havia uma série de e-mails da universidade dizendo que tinha ocorrido um segundo tiroteio, que havia uma pessoa armada à solta pelo campus e que não era para ninguém sair dos prédios."
Ele decidiu ficar em seu escritório trabalhando e acompanhando os e-mails, que narravam a sucessão de acontecimentos. "Até que, ao meio-dia, veio a ordem final para deixarmos a universidade." Foi o que ele fez. "Saí normalmente e voltei para casa." O pesquisador brasileiro só viria a saber o tamanho do massacre depois.
Quem resume o sentimento é a estudante de biologia Patrícia dos Santos, 30, há seis anos nos EUA. "Nunca passei por uma situação assim no Brasil", compara.
"A gente chega aqui pensando que está mais segura..." (SD)


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