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Aluna brasileira achou que policiamento fosse "exagero"
DE WASHINGTON
Quando saiu das aulas da primeira parte da manhã, como
faz todos os dias, a brasileira
Ana Carolina Fontes, 21, estranhou a quantidade de carros de
polícia em torno do prédio
diante do ponto onde pega o
ônibus que a leva para casa. "Isso é algum exagero dos americanos", pensou a estudante mineira de psicologia, que mora
há 12 anos nos EUA.
"A ficha só caiu mesmo quando eu comecei a ouvir os primeiros tiros", contou ela à Folha, em entrevista por telefone.
Então, ameaçou se agachar,
mas depois saiu correndo, como faziam as outras pessoas à
sua volta. A polícia os levou para um prédio em frente, pediu
que subissem ao segundo andar
e ficassem fora do alcance das
janelas. "Foi horrível, ficamos
lá sem saber o que estava acontecendo, com o alarme de
emergência gritando nos nossos ouvidos", relembra ela.
Ana Carolina faz parte de
uma pequena comunidade, que
varia de dez a 30 pessoas -dependendo de com quem se fala-, que são os brasileiros da
universidade Virginia Tech.
Três são professores.
Um deles é João Setúbal, 50
anos, ex-professor da Unicamp,
que mora nos EUA há três anos
e é pesquisador do instituto de
bioinformática local. "Eu estava de manhã trabalhando
quando recebi um telefonema
da diretora financeira do instituto informando o que houve e
pessoas haviam sido feridas no
dormitório", contou Setúbal.
Ele soube então que todas as
portas do instituto haviam sido
trancadas como medida de segurança e que o acesso a partir
de então só se daria via cartão
eletrônico. "Participei de uma
reunião e, na volta, já havia uma
série de e-mails da universidade dizendo que tinha ocorrido
um segundo tiroteio, que havia
uma pessoa armada à solta pelo
campus e que não era para ninguém sair dos prédios."
Ele decidiu ficar em seu escritório trabalhando e acompanhando os e-mails, que narravam a sucessão de acontecimentos. "Até que, ao meio-dia,
veio a ordem final para deixarmos a universidade." Foi o que
ele fez. "Saí normalmente e voltei para casa." O pesquisador
brasileiro só viria a saber o tamanho do massacre depois.
Quem resume o sentimento
é a estudante de biologia Patrícia dos Santos, 30, há seis anos
nos EUA. "Nunca passei por
uma situação assim no Brasil",
compara.
"A gente chega aqui pensando que está mais segura..."
(SD)
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