São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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EUA estão "chocados", diz Bush

Incidente deve reabrir debate sobre segurança nas escolas, que em 1999 levou à adoção de "tolerância zero"

Porta-voz do presidente diz que ele ficou "horrorizado" com o massacre, mas que acredita no "direito de as pessoas portarem armas"

Matt Gentry/ "The Roanoke Times"/Associated Press
Estudantes do Virgínia Tech observam ação da polícia no campus; leis que regulam porte de armas variam de Estado para Estado


DE WASHINGTON

O massacre estudantil no Estado da Virgínia levou George W. Bush a fazer um pronunciamento ao país no fim da tarde de ontem, do salão de recepções diplomáticas da Casa Branca. Com ar grave, o presidente disse que o país estava "chocado e entristecido".
"Escolas deveriam ser lugares de segurança, santuários de aprendizado", disse Bush. "Quando um santuário é violado, o impacto é sentido por todas as salas de aula e todas as comunidades norte-americanas." Em conversa com o governador do Estado, Tim Kaine, Bush disse que seu governo "faria todo o possível" para ajudar nas investigações.
Kaine disse em Tóquio, onde estava no momento da tragédia, que é cedo demais para tirar "conclusões prematuras" sobre a conduta da direção da universidade, que foi criticada por alguns estudantes. "É um dia muito trágico para a Virgínia. Minha reação foi de puro choque", disse Kaine, que chegou ao Japão ontem para participar de eventos de negócios, mas decidiu retornar aos EUA após saber do massacre.
Mais cedo, na entrevista diária, a porta-voz interina da Casa Branca, Dana Perino, havia dito que o presidente ficara "horrorizado" com as notícias.
O incidente ocorre no momento em que o debate sobre controle de armas é retomado, por conta da campanha presidencial de 2008. A Segunda Emenda da Constituição trata do assunto: "Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido".

Brechas na lei
Os termos amplos do texto dão margem a várias interpretações. Assim, as leis que regulam a compra e o porte de armas variam em cada Estado. O tema é um dos maiores tabus políticos dos EUA, e tanto o poderoso lobby pró-armas quanto o que defende maior controle são bastante ativos.
Indagada pela manhã, à luz do incidente, qual era posição de Bush, Perino respondeu que, "como política, o presidente acredita que existe o direito de as pessoas portarem armas, mas que todas as leis devem ser seguidas". Completaria: "Obviamente, levar uma arma a um dormitório escolar e atirar em alguém é ilegal e o autor deve ser responsabilizado".
Lembraria ainda que o presidente promoveu em outubro uma conferência sobre violência nas escolas, "porque essas são tragédias que ferem o coração do país". As conseqüências ainda são incertas, mas a reação da opinião pública pode ser semelhante ao massacre de Columbine, durante o governo do democrata Bill Clinton.
Então, logo após dois adolescentes daquela região do Colorado matarem doze estudantes e um professor e se matarem, em 1999, houve um debate nacional que levou o FBI a organizar um "encontro sobre atiradores em escolas".
Uma medida imediata foi a adoção por diversas escolas de uma política de "tolerância zero", que ia da instalação de detectores de metais à adoção de sistemas "anti-bully" (ou "anti-valentão", em tradução livre).
(SÉRGIO DÁVILA)


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