São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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Ataque israelense a Gaza deixa 18 mortos

Uma das vítimas é cinegrafista da agência Reuters; operação foi represália a emboscada do Hamas que matou três soldados

Cinegrafista filmou disparo de tanque; Exército de Israel lamenta, mas não confirma causa da morte; entre as vítimas da ação, há 14 civis


Mohammed Abed/France Presse
Carro em que estava cinegrafista da Reuters, Fadel Shana; ele filmou disparo de tanque israelense

DA REDAÇÃO

Nos mais violentos incidentes desde o mês passado, Israel matou ontem 18 pessoas na faixa de Gaza, entre elas pelo menos 14 civis. Um dos mortos na operação era cinegrafista da agência britânica Reuters. O ataque foi desencadeado em resposta à morte, horas antes, de três soldados israelenses.
Três mortos num mesmo dia significa para Israel a maior perda desde a última guerra no Líbano, em 2006. Neste ano, o país já perdeu sete soldados, mais do que em 2007.
Apesar do saldo carregado dos confrontos, Israel permitiu ontem o reinício do fornecimento de petróleo, interrompido em 9 de abril, à única usina termelétrica de Gaza, a partir do terminal de Nahal Oz. O combustível é financiado pela União Européia.
Os três soldados israelenses que morreram pertenciam à brigada Givati, uma unidade de elite do Exército. Eles haviam penetrado em Gaza em busca de um comando radical islâmico. Surpreenderam dois ativistas do Hamas instalando explosivos na fronteira. Ao perseguirem o grupo, foram emboscados por outros guerrilheiros islâmicos nas imediações do kibutz de Beeri.
O jornal israelense "Haaretz" diz que foi aberto inquérito para apurar a não chegada de reforços aos soldados envolvidos.
O Hamas, que controla Gaza desde junho do ano passado, disse que militares israelenses, apoiados por helicópteros, mataram em diferentes confrontos quatro de seus militantes perto do terminal petrolífero.

Mísseis de helicópteros
Outros 12 palestinos civis foram mortos quando um helicóptero israelense disparou quatro mísseis sobre o campo de refugiados de Bureij.
Em comunicado, Israel informou que a ofensiva tentou neutralizar um atirador. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, cinco das vítimas eram crianças com idade oscilando entre 12 e 15 anos.
Em operação separada, blindados israelenses penetraram na periferia da cidade de Gaza, onde foi morto Fadel Shana, 23, cinegrafista da Reuters, e dois civis que passavam perto do carro da agência. O disquete da câmara de Shana mostra imagens da aproximação de um tanque que atirava a uma centena de metros.
O Exército israelense publicou mais tarde comunicado em que lamenta a morte do jornalista, mas não confirma a causa da morte. Porta-voz salientou que a área em que ocorreu o incidente é palco de "confrontos diários com organizações terroristas" e que a presença da mídia ali "é extremamente perigosa".
Na Cisjordânia, o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Salam Fayyad -ele integra uma estrutura de poder rival à do Hamas islâmico- criticou a "truculência" israelense, mas disse que os incidentes não comprometem as negociações com Israel para uma paz definitiva: "Só ela fará cessar as incursões e as matanças diárias dos israelenses".
O ex-presidente americano Jimmy Carter chegou ontem ao Cairo para se avistar com dois dirigentes do Hamas. A missão é oficiosa, já que os EUA não têm nenhum contato com o grupo islâmico, qualificado de organização terrorista. Segundo um dos porta-vozes do Hamas, Ayman Taha, Carter pediu o encontro para conhecer as posições do grupo.


Com agências internacionais


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