São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

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Vulcão deixa 1,3 milhão sem voo na Europa

Caos aéreo deve continuar hoje, já que empresas anunciaram cancelamento de operações e aeroportos devem continuar fechados

Erupção de vulcão islandês começou há três dias e não dá sinais de alívio; OMS diz que cinzas podem provocar problemas respiratórios


Omar Oskarsson/Associated Press
Carro levanta nuvem de cinzas vulcânicas ao cruzar estrada próxima da geleira Eyjafjallajokull, na Islândia, cujo vulcão fez 16 países fecharem espaços aéreos

DA REDAÇÃO

O caos aéreo de proporções inéditas que atinge a Europa desde a erupção de um vulcão, na quarta-feira, na Islândia, se agravou ontem. No total, 13 países fecharam totalmente seus espaços aéreos e aeroportos, e 11 o fizeram parcialmente. Quase dois terços do total de voos foram cancelados, afetando mais de 1,3 milhão de pessoas. À noite, França e Reino Unido estenderam até as 12h de hoje o fechamento completo da maioria de seus aeroportos.
Brian Flynn, da Eurocontrol, agência de controle de tráfego aéreo que reúne 40 países do continente, confirmou a previsão de que pouco mudará hoje. "Os céus estão vazios no norte da Europa", disse Flynn ao defender a paralisia como prevenção de acidentes. "Uma nuvem de cinzas não pode ser vista a olho nu", afirmou. As cinzas do vulcão da geleira islandesa Eyjafjallajokull chegaram a 9.000 metros de altura e, ontem, iam rumo ao centro da Rússia a 40 km/h. Em 1821, o mesmo vulcão agiu por mais de um ano.
O prejuízo diário é de US$ 200 milhões, segundo estimativa que a Associação de Transporte Aéreo Internacional considerou conservadora. O valor poderá subir -muito- dependendo de quantos passageiros preferirem o reembolso do valor pago ao adiamento da viagem e, principalmente, a demora na reorganização dos voos.
Grandes companhias aéreas europeias estão paradas. A British Airways cancelou todos os voos de hoje ligados a Londres. A Iberia cancelou os ligados a Londres, Bruxelas, Paris, Amsterdã, Copenhague, Frankfurt, Berlim, Düsseldorf, Estocolmo ou Varsóvia. Já a Alitalia cancelou voos a Londres, Paris, Amsterdã e Bruxelas. A Ryanair, de baixo custo, foi a mais radical e derrubou toda a programação até segunda-feira.
O caos aéreo lotou as estações de trem e fez disparar os preços do aluguel de carros e das corridas de táxi, alternativa para o trânsito entre capitais.
O fechamento dos aeroportos obrigou o avião da chanceler alemã, Angela Merkel, que voltava dos EUA, a descer em Lisboa. O do ministro de Defesa alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg, que voltava do Afeganistão com cinco militares feridos na guerra, parou em Istambul. Várias autoridades não sabem se irão conseguir ir ao funeral do presidente da Polônia Lech Kaczynski, que ocorrerá em Cracóvia, no sábado -ele, a mulher e mais 94 pessoas morreram numa queda de avião, há uma semana. Ministros da UE faltaram a um debate da crise econômica grega, em Madri, e equipes de futebol, rúgbi e basquete enfrentaram longas viagens para participar de jogos.
Na Islândia, a erupção preocupa não pelos voos -uma vez que, ironicamente, os aeroportos de lá estão abertos, graças ao vento favorável-, mas pelo derretimento da geleira próxima do vulcão. Cerca de 800 pessoas já tiveram de deixar a região às pressas pelo risco de uma tromba d'água. Geólogos islandeses avaliam que a erupção não dá sinais de recuo.
Especialistas divergem sobre os riscos do fenômeno à saúde. Segundo a OMS, as microscópicas partículas podem provocar problemas respiratórios até em pessoas saudáveis. Para as autoridades britânicas, porém, a minoria das cinzas baixará.

Com agências internacionais



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