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análise
Obama terá de exercer pressão sobre Israel
ROULA KHALAF
DO "FINANCIAL TIMES"
Os presidentes dos EUA
sempre declaram seu engajamento com a paz no Oriente
Médio, mas raramente fazem uso de sua influência para que ela se concretize. É
por isso que o chamado processo de paz virou uma brincadeira de faz-de-conta, jogada convenientemente para
evitar aquilo que supostamente deveria realizar.
George W. Bush era mestre nesse jogo. Foi o primeiro
líder dos EUA a declarar inequivocamente que os palestinos terão seu próprio Estado independente. Mas aderiu a muitas das políticas israelenses que solaparam a
criação desse Estado.
O Oriente Médio talvez tenha uma surpresa desta vez.
Apesar de muitas pessoas na
região ainda não acreditarem nisso, Barack Obama
compreende genuinamente
a urgência de se resolver o
conflito árabe-israelense.
O governo atual parece estar convencido de que o fim
do conflito interessa não só
às partes envolvidas, mas
também, crucialmente, aos
EUA. É isso que torna tão
dramático o primeiro encontro entre Obama e Binyamin
Netanyahu. A reunião marcará o início de uma onda de
diplomacia em torno de
questões de primeira importância, algo que vai moldar a
estratégia dos EUA.
Hoje em Washington não
se fala mais em processo de
paz, mas em paz. A questão
não é se os EUA são mais favoráveis a um caminho palestino ou a um caminho sírio -Obama quer tudo, num
pacote de paz abrangente.
Enquanto a política externa de Bush era baseada na
fantasia -ela presumia que a
mudança de regime em Bagdá pudesse resolver milagrosamente o conflito árabe-israelense-, a postura do novo
governo está enraizada nas
realidades práticas. Obama
considera, com razão, que a
paz no Oriente Médio poderá difundir suas virtudes, enfraquecendo os extremistas
islâmicos e restaurando a
imagem alquebrada dos EUA
no mundo muçulmano.
Mas boas intenções não
passam de um ponto de partida. Para que a nova visão
dos EUA se concretize, Obama vai precisar falar com Netanyahu sem rodeios e transmitir ao público israelense a
mensagem de que a pressão
atende aos melhores interesses do Estado judaico.
Netanyahu dirá que a paz
deve começar com o bloqueio do programa nuclear
do Irã. Enfatizará que a resposta está em melhorar o padrão de vida dos palestinos,
não em lhes dar um Estado
próprio.
Obama, porém, deve deixar claro que as conversações precisam tratar do teor
substancial do conflito -as
fronteiras do Estado palestino, o destino dos refugiados
palestinos e de Jerusalém- e
que essas conversações não
podem ter prazo indefinido.
Netanyahu não vai gostar
-e seus adversários árabes
também vão opor resistência. Mas a disputa entre palestinos e israelenses é demasiado profunda para que
se possa deixar as duas partes resolver suas diferenças
por conta própria.
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