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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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PAZ SOB ATAQUE

Grupo terrorista condiciona cessar-fogo a fim de ações israelenses contra seus líderes; Sharon descarta concessões

Hamas rejeita trégua; Israel promete agir

DA REDAÇÃO

O grupo terrorista Hamas rejeitou a proposta de cessar-fogo nos ataques contra israelenses feita por enviados egípcios. Segundo suas lideranças, uma trégua somente será aceita se houver garantia internacional de que Israel não realizará mais ataques contra os líderes do grupo.
Porém o premiê de Israel, Ariel Sharon, disse ontem que continuará com as ações contra os terroristas e descartou qualquer concessão sobre segurança.
"Não podemos ter um acordo de paz enquanto o terror continuar desenfreado. Iremos atrás dos terroristas em qualquer lugar e em qualquer situação", disse o premiê. O chanceler israelense, Silvan Shalom, afirmou que o fim das ações contra os grupos terroristas "serviria apenas para essas organizações se reagruparem".
A decisão do Hamas e a resposta de Israel são mais um obstáculo para a retomada do processo de paz israelo-palestino, relançado no início do mês com o apoio de ambas as partes a novo plano de paz, apoiado por EUA, União Européia, ONU e Rússia. O plano prevê o desmantelamento dos grupos terroristas, a retirada israelense de centros palestinos e um Estado palestino em 2005.
"O cessar-fogo significa uma rendição para as forças de ocupação [israelenses]. O momento não é para trégua. Temos de nos unir contra Israel ", afirmou Ismail Abu Shanab, líder do Hamas que dialogou com os egípcios.
Apesar do fracasso, o premiê palestino, Abu Mazen, viajou ontem para Gaza, onde tentaria convencer os grupos terroristas a aceitarem o cessar-fogo. E o Egito acertou nova rodada de negociações para o Cairo.
Os EUA pressionam países árabes a ajudarem o combalido Mazen a conter os terroristas. E, segundo fontes ouvidas pela Associated Press, os americanos estariam pressionando Israel a aceitar o fim dos ataques seletivos contra líderes do Hamas.
Para Israel, um cessar-fogo incondicional do Hamas seria bem-vindo, mas insuficiente. Os israelenses dizem que a ANP (Autoridade Nacional Palestina) precisa seguir o plano de paz e desmantelar os grupos terroristas, prendendo seus militantes e confiscando suas armas.
Após a cúpula de paz na Jordânia, dia 4, onde estiveram presentes o presidente dos EUA, George W. Bush, Sharon e Mazen, seguiu-se uma semana de violência, com mais de 50 mortos nos dois lados.

Transferência
Autoridades palestinas e israelenses negociam a transferência do controle da segurança em partes da faixa de Gaza para a ANP. Os palestinos tentam conseguir também acordo semelhante em Belém (Cisjordânia). A medida seria um teste para a capacidade da ANP de combater o terror.
O enviado dos EUA para o Oriente Médio, John Wolf, se reuniu ontem com Sharon, em Jerusalém. Ele está na região para monitorar os progressos na implementação do plano de paz.
O Reino Unido e a França divergiram ontem sobre a colocação ou não da ala política do Hamas na lista de grupos terroristas da entidade. O chanceler britânico, Jack Straw, afirmou que há uma série de evidências de participação de lideranças políticas do Hamas em ações terroristas.
Já o chanceler francês, Dominique de Villepin, afirmou que essa ala ainda é uma peça necessária no processo de paz. A ala militar do grupo já faz parte da lista.


Com agências internacionais


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