|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Isabel, irmã do engenheiro João José de Vasconcellos Jr., se diz "indignada" com falta de informações
Família de desaparecido ataca Itamaraty
DA SUCURSAL DO RIO
Irmã do engenheiro João José
de Vasconcellos Jr., desaparecido
nos arredores de Beiji (norte do
Iraque) desde janeiro, Isabel Vasconcellos disse ontem que a sua
família se sente desamparada pelo
governo brasileiro.
""Este realmente é o nosso sentimento. Depois de um silêncio de
vários dias do governo, procurei o
Itamaraty para saber notícia do
meu irmão e fui informada que o
embaixador Ouro Preto já estava
há muito tempo no Brasil", disse
Isabel, referindo-se ao embaixador extraordinário para o Oriente
Médio, Affonso Celso de Ouro
Preto. Há cerca de três meses, ele
foi designado para trabalhar no
caso em Amã, onde funciona o
núcleo de assuntos iraquianos.
"Só posso me sentir indignada.
Ele volta ao país e nem nos procura? Disse que tinha saído no jornal
e achava que já era suficiente. A
minha mãe já diz que só resta rezar", disse Isabel, que passa o dia
acessando os sites de notícias de
países árabes em busca de informações sobre seu irmão.
Na época, o grupo Esquadrões
Al Mujahidin reivindicou a autoria do seqüestro do brasileiro em
vídeo divulgado e disse que agiu
ao lado do grupo Ansar al Sunna.
Vasconcellos trabalhava no país
em uma obra da construtora Odebrecht.
""O governo tem que ter humildade para reconhecer que não está conseguindo negociar e encontrar um canal de diálogo com o
mundo árabe. Me sinto muito desapontada. Vejo o governo se empenhando para apagar incêndio e
não faz nada para defender um cidadão seu", disse Isabel. Ela acredita que o seu irmão ainda está vivo. ""Isto é claro na minha cabeça.
Para o grupo, não custava nada
mostrar o corpo de uma pessoa
morta. Agora, o nosso governo
tem que se empenhar muito mais.
Acho que o presidente Lula teria
que fazer uma manifestação pública. Isto aconteceu em vários
países."
Mortes e pressão
A violência prosseguiu ontem
no Iraque com a morte de oito policiais em um atentado com um
carro-bomba em uma estrada entre Bagdá e o aeroporto da capital.
Outros 25 foram feridos.
Além disso, seis soldados americanos foram mortos em um tiroteio em Bagdá e em um ataque a
bomba em Ramadi (oeste), e o governo dos EUA indiciou um de
seus sargentos pelo assassinato de
dois oficiais em uma base em Tikrit. O especialista em suprimentos Alberto Martinez, 37, é acusado de ter matado um tenente e um
capitão no último dia 7. O total de
baixas militares dos EUA no Iraque desde a invasão, em março de
2003, já chega a 1.714.
O Congresso americano rejeitou ontem uma resolução para fixar um cronograma de retirada
das tropas a partir de outubro de
2006, mas as pressões seguem aumentando. Uma pesquisa recente
do Pew Research Center mostra
que 46% dos americanos apóiam
a retirada imediata das tropas do
Iraque -eram 42% em fevereiro
e 36% em outubro.
Sob pressão, o presidente George W. Bush, prepara nova ofensiva retórica para defender a operação. Segundo o porta-voz da Casa
Branca, Scott McClellan, Bush vai
"afinar seu foco" em torno do Iraque e da economia, tema em que
o governo é mal avaliado.
"É importante manter a população americana informada sobre
os progressos que estamos fazendo no Iraque, as dificuldades e os
perigos que persistem, e nossa estratégia para sermos bem-sucedidos e trazermos nossos soldados
de volta para casa", afirmou.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Califórnia: Terremoto de magnitude 5,3 não causa danos Próximo Texto: Sunitas fecham acordo para redigir Constituição Índice
|