São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Líder rebelde se desarma e aponta solução no Timor

Reinado e seus aliados se colocam sob proteção das forças de paz australianas

Integrantes da cisão dentro do Exército exigem a saída do premiê Alkatiri, acusado de inábil por se recusar a negociar com os militares


DA REDAÇÃO

O líder das tropas rebeldes de Timor Leste e um grupo de 30 militares a ele subordinados entregaram ontem suas armas ao comandante australiano da força de paz, em gesto simbólico que pode significar o início de solução para a grave crise de três meses naquela ex-colônia portuguesa da Ásia.
O gesto do major Alfredo Reinado foi estimulado pela ordem dada na quinta-feira pelo presidente Xanana Gusmão para que os rebeldes se desarmassem e iniciassem negociações.
Segundo o jornal australiano "The Age", o próprio Gusmão telefonou anteontem a Reinado e afirmou que ele continuava a fazer parte do Exército -o que, em tese, anularia o decreto de expulsão assinado do primeiro-ministro Mari Alkatiri.
Também participou da operação de apaziguamento o ministro das Relações Exteriores, José Ramos Horta, que, sob a escolta de soldados australianos, esteve na quinta com rebeldes acantonados em Gleno, cidade localizada nas montanhas próximas da capital, Dili.
O desarmamento se deu em outra cidade, Maubisse. O comandante australiano, general Mick Slater, recebeu 12 rifles M-16, quatro pistolas e quantidade não revelada de munição.
Desarmados, os rebeldes se colocaram sob a proteção dos australianos, que são o maior contingente nas forças de paz. Elas têm 2.250 homens e são integradas ainda pela Malásia, Nova Zelândia e Cingapura.
Reinado e Slater disseram não se tratar de uma "rendição", na medida em que não existe uma guerra civil. Mas o líder rebelado afirmou que a crise não se resolverá, caso o premiê Alkatiri não seja afastado de seu cargo.
A solução seria conveniente para o presidente Xanana Gusmão, que não tem simpatias políticas por seu premiê. Mas exonerá-lo abriria uma nova crise, já que Alkatiri é o líder do maior partido político do país.
Alkatiri foi bastante criticado por sua inabilidade ao não negociar com os rebeldes quando, ainda na capital, os 591 homens cercaram o palácio do governo para protestar contra a discriminação que diziam vitimá-los no processo de promoção do pequeno Exército de 1.400 militares.
O protesto surgiu entre originários da região oeste do país, suspeitos de simpatias pela Indonésia, que dominou Timor Leste por 24 anos depois da retirada portuguesa, em 1975.
Com a divisão do Exército e o colapso da polícia, grupos de criminosos passaram a saquear e a incendiar. Ao todo 30 pessoas morreram, só em Dili.
O comandante australiano disse ontem que todos os rebeldes estão agora protegidos pelas forças estrangeiras.


Com agências internacionais

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