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Governo proíbe trabalho da mídia estrangeira
DO ENVIADO A TEERÃ
O governo iraniano decidiu proibir ontem o trabalho
de todos os jornalistas estrangeiros do país. Todos os
cartões de imprensa necessários para o trabalho dos enviados especiais foram cancelados ontem.
"Se você for encontrado
em qualquer lugar público
com seu visto de jornalista,
você pode ser preso" foi a
mensagem enviada a todos
os correspondentes ontem
pelo Ministério da Cultura e
Orientação Islâmica.
"Nenhum jornalista tem
permissão para reportar, filmar ou tirar fotografias na cidade", afirmava o texto.
O aviso foi dado poucas horas antes da realização da segunda marcha convocada
pela oposição contra o resultado da eleição presidencial
de sexta-feira passada -que
acusa ter sido fraudada.
As TVs estrangeiras foram
as únicas a exibir imagens da
concentração da véspera, estimada em mais de 1 milhão
de pessoas.
A rede estatal iraniana tem
ignorado os protestos desde
o último sábado. Entretanto,
mostrou em um telejornal na
manhã de ontem que "sete
queridos cidadãos foram
mortos ontem na manifestação ilegal da oposição".
Para obter permissão de
reportar do país, são concedidos vistos de cinco a dez
dias, normalmente renováveis. Mas, no sábado pela manhã, horas antes da confirmação da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, um cartaz colocado no
hotel onde está a Folha já dizia que, "pela inexistência de
segundo turno, não haverá
renovação dos vistos, favor
não insistir".
O jornalista estrangeiro é
obrigado a contratar agência
de intérpretes ligada ao governo para obter o cartão de
imprensa -que foi exigido
da reportagem inúmeras vezes nos últimos dias.
As taxas obrigatórias variam de US$ 150 a US$ 200
diários. O intérprete pode
reportar ao governo as atividades do jornalista.
"Sugiro a você que não saia
do hotel de jeito nenhum. Se
você estiver fazendo uma entrevista e a polícia descobrir,
corre sérios riscos", disse à
Folha uma funcionária do
Ministério da Cultura que
não quis se identificar.
Para se viajar pelo interior
do Irã, também é necessária
permissão do governo.
Desde sexta-feira, as autoridades não autorizam a circulação no país. Por isso,
protestos em massa nas universidades de Isfahan, Shiraz
e Tabriz, divulgados pela internet, não puderam ser
comprovados no local pela
imprensa estrangeira.
Várias equipes de TV europeias foram detidas ontem e
convidadas a deixar o país
imediatamente.
Protesto diplomático
A Chancelaria iraniana
convocou ontem os embaixadores de República Tcheca, Reino Unido, França, Holanda, Itália e Alemanha para
protestar contra as declarações que a União Europeia
(UE) e seus governos fizeram
sobre a eleição.
Segundo a mídia estatal
iraniana, o embaixador tcheco, Josef Havlas, cujo país
exerce a Presidência semestral do bloco europeu, foi advertido que "nem a UE, nem
ninguém, tem direito de interferir nos assuntos internos do Irã, menos ainda no
que diz respeito às gloriosas
eleições".
(RJL)
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