São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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Governo proíbe trabalho da mídia estrangeira

DO ENVIADO A TEERÃ

O governo iraniano decidiu proibir ontem o trabalho de todos os jornalistas estrangeiros do país. Todos os cartões de imprensa necessários para o trabalho dos enviados especiais foram cancelados ontem.
"Se você for encontrado em qualquer lugar público com seu visto de jornalista, você pode ser preso" foi a mensagem enviada a todos os correspondentes ontem pelo Ministério da Cultura e Orientação Islâmica.
"Nenhum jornalista tem permissão para reportar, filmar ou tirar fotografias na cidade", afirmava o texto.
O aviso foi dado poucas horas antes da realização da segunda marcha convocada pela oposição contra o resultado da eleição presidencial de sexta-feira passada -que acusa ter sido fraudada.
As TVs estrangeiras foram as únicas a exibir imagens da concentração da véspera, estimada em mais de 1 milhão de pessoas.
A rede estatal iraniana tem ignorado os protestos desde o último sábado. Entretanto, mostrou em um telejornal na manhã de ontem que "sete queridos cidadãos foram mortos ontem na manifestação ilegal da oposição".
Para obter permissão de reportar do país, são concedidos vistos de cinco a dez dias, normalmente renováveis. Mas, no sábado pela manhã, horas antes da confirmação da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, um cartaz colocado no hotel onde está a Folha já dizia que, "pela inexistência de segundo turno, não haverá renovação dos vistos, favor não insistir".
O jornalista estrangeiro é obrigado a contratar agência de intérpretes ligada ao governo para obter o cartão de imprensa -que foi exigido da reportagem inúmeras vezes nos últimos dias.
As taxas obrigatórias variam de US$ 150 a US$ 200 diários. O intérprete pode reportar ao governo as atividades do jornalista.
"Sugiro a você que não saia do hotel de jeito nenhum. Se você estiver fazendo uma entrevista e a polícia descobrir, corre sérios riscos", disse à Folha uma funcionária do Ministério da Cultura que não quis se identificar.
Para se viajar pelo interior do Irã, também é necessária permissão do governo.
Desde sexta-feira, as autoridades não autorizam a circulação no país. Por isso, protestos em massa nas universidades de Isfahan, Shiraz e Tabriz, divulgados pela internet, não puderam ser comprovados no local pela imprensa estrangeira.
Várias equipes de TV europeias foram detidas ontem e convidadas a deixar o país imediatamente.

Protesto diplomático
A Chancelaria iraniana convocou ontem os embaixadores de República Tcheca, Reino Unido, França, Holanda, Itália e Alemanha para protestar contra as declarações que a União Europeia (UE) e seus governos fizeram sobre a eleição.
Segundo a mídia estatal iraniana, o embaixador tcheco, Josef Havlas, cujo país exerce a Presidência semestral do bloco europeu, foi advertido que "nem a UE, nem ninguém, tem direito de interferir nos assuntos internos do Irã, menos ainda no que diz respeito às gloriosas eleições". (RJL)


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