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Milícia voluntária está no centro de repressão
DO "FINANCIAL TIMES"
Quando uma manifestação
contra o governo ocupou a praça Azadi, em Teerã, na segunda,
os participantes vaiaram os homens postados diante do prédio da milícia islâmica, conhecida como basij.
Pouco depois, tiros foram
disparados, e ao que parece diversas pessoas foram mortas.
Ninguém sabe ao certo o que
aconteceu. A TV estatal informou ontem que "arruaceiros"
atacaram um posto militar, e
sete pessoas morreram como
resultado do choque. A oposição reformista diz que os basiji
dispararam com munição letal
contra os manifestantes.
A oposição também responsabilizou a milícia pelo ataque a
um alojamento da Universidade de Teerã. Farhad Rahbar,
administrador-geral da universidade, denunciou a "invasão"
do alojamento e a "presença
ilegal de pessoas que não tinham mandado para tanto e
atacaram os estudantes".
Desde que começaram os
protestos em Teerã, a milícia
islâmica, cujo efetivo é de 12,5
milhões de pessoas e funciona
como ala teoricamente voluntária da Guarda Revolucionária
iraniana, passou a ser vista como o órgão mais ameaçador entre as forças de segurança.
A Guarda Revolucionária é a
organização militar de elite do
Irã e dispõe de forças terrestres, navais e aéreas que vieram
a superar em efetivos o Exército regular depois da Revolução
Islâmica de 1979. Quando é necessário enfrentar a oposição
política interna, a Guarda em
geral recorre aos basiji.
Vistos por alguns iranianos
como arruaceiros profissionais
e por outros como guardiães do
espírito da revolução, os basiji
acreditam firmemente na ideologia islâmica e representam a
força mais confiável com que o
regime conta para reprimir o
descontentamento popular.
À paisana, mas usando capacetes e escudos, e ocasionalmente bastões de ferro e metal,
os basiji nos últimos dias vêm
detendo o tráfego para revistar
carros e agredindo diversos
manifestantes.
Força paramilitar que responde ao líder supremo do país,
o aiatolá Ali Khamenei, os basiji alegam dispor de 70 mil bases
em todo o território do Irã.
Por mais de duas décadas, a
milícia se manteve como uma
ala voluntária e separada da
Guarda Revolucionária. No entanto, dois anos atrás foi integrada à Guarda, porque o governo estava preocupado com a
possibilidade de que a pressão
internacional sobre o país causasse inquietação interna.
Só 1% dos basiji estão armados e integram oficialmente a
folha de pagamento da Guarda.
Os demais são ou membros não
remunerados que dedicam 20
horas mensais de serviço à milícia ou membros inativos que
podem ser convocados em caso
de necessidade.
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