São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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Milícia voluntária está no centro de repressão

DO "FINANCIAL TIMES"

Quando uma manifestação contra o governo ocupou a praça Azadi, em Teerã, na segunda, os participantes vaiaram os homens postados diante do prédio da milícia islâmica, conhecida como basij.
Pouco depois, tiros foram disparados, e ao que parece diversas pessoas foram mortas.
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. A TV estatal informou ontem que "arruaceiros" atacaram um posto militar, e sete pessoas morreram como resultado do choque. A oposição reformista diz que os basiji dispararam com munição letal contra os manifestantes.
A oposição também responsabilizou a milícia pelo ataque a um alojamento da Universidade de Teerã. Farhad Rahbar, administrador-geral da universidade, denunciou a "invasão" do alojamento e a "presença ilegal de pessoas que não tinham mandado para tanto e atacaram os estudantes".
Desde que começaram os protestos em Teerã, a milícia islâmica, cujo efetivo é de 12,5 milhões de pessoas e funciona como ala teoricamente voluntária da Guarda Revolucionária iraniana, passou a ser vista como o órgão mais ameaçador entre as forças de segurança.
A Guarda Revolucionária é a organização militar de elite do Irã e dispõe de forças terrestres, navais e aéreas que vieram a superar em efetivos o Exército regular depois da Revolução Islâmica de 1979. Quando é necessário enfrentar a oposição política interna, a Guarda em geral recorre aos basiji.
Vistos por alguns iranianos como arruaceiros profissionais e por outros como guardiães do espírito da revolução, os basiji acreditam firmemente na ideologia islâmica e representam a força mais confiável com que o regime conta para reprimir o descontentamento popular.
À paisana, mas usando capacetes e escudos, e ocasionalmente bastões de ferro e metal, os basiji nos últimos dias vêm detendo o tráfego para revistar carros e agredindo diversos manifestantes.
Força paramilitar que responde ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, os basiji alegam dispor de 70 mil bases em todo o território do Irã.
Por mais de duas décadas, a milícia se manteve como uma ala voluntária e separada da Guarda Revolucionária. No entanto, dois anos atrás foi integrada à Guarda, porque o governo estava preocupado com a possibilidade de que a pressão internacional sobre o país causasse inquietação interna.
Só 1% dos basiji estão armados e integram oficialmente a folha de pagamento da Guarda. Os demais são ou membros não remunerados que dedicam 20 horas mensais de serviço à milícia ou membros inativos que podem ser convocados em caso de necessidade.


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