São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Medo da inflação chinesa é exagero, afirma professor

Ex-funcionário do Tesouro americano, Albert Keidel diz que críticas feitas ao país asiático são políticas

Para ele, alta dos preços dos alimentos pode ter um lado positivo, por aumentar a renda dos camponeses chineses

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A inflação chinesa não é preocupação maior, o crescimento chinês não depende das exportações, o câmbio chinês não está desvalorizado e os políticos americanos só reclamam do valor do yuan porque é impossível ser reeleito nos EUA sem falar mal da China.
Quem afirma é um americano, o economista Albert Keidel, que trabalhou no Banco Mundial em Pequim, foi vice-diretor para a Ásia do Departamento do Tesouro e hoje integra o Conselho Atlântico, que promove a liderança dos EUA.
"A China não é a causa dos desequilíbrios globais, mas sim a demanda irresponsável por importações produzida pela bolha de crédito americana. A dita guerra cambial foi o esforço mais claro que os EUA fizeram para minar a credibilidade da China como potência econômica", disse.
Keidel participou de seminário no Rio do Instituto de Estudos Brasil-China e da Fundação Alexandre de Gusmão, do Itamaraty. Ele lamentou que o país tenha deixado o real ficar "caro demais". Diz que, mesmo subindo salários, a China será competitiva porque produzirá bens mais sofisticados.
Ironizou o principal colunista econômico do "Financial Times", que escreveu que a China pode entrar em colapso. "Não leiam Martin Wolf sobre a China."
Afirmou que é exagerado o alarme com a inflação chinesa (5,5% nos 12 meses até maio) e que a taxa, causada pelos alimentos, representa aumento da renda da população rural pobre.
O movimento, disse, faz parte dos ciclos de crescer e desacelerar presentes no país desde o início das reformas, em 1978. "A inflação ajuda a ajustar os preços relativos de alimentos e produtos industriais, a desaceleração ajuda as empresas a ajustar a força de trabalho à produção."
Keidel disse que a queda da demanda americana, em 2009, mostrou que o crescimento chinês é "determinado pelos próprios esforços de investimento", enquanto o comércio é "usado para adquirir tecnologia".
Apesar de criticar Pequim, Washington investe na relação. O economista citou o intercâmbio de "dezenas de milhares de estudantes", que atuarão como barreira a futuros choques bilaterais.
Pouco antes, a cônsul chinesa no Rio, Chen Xiaoling, reclamou de só haver 14 estudantes de seu país na cidade e da falta de brasileiros que falem mandarim.
Mais otimista que Keidel, o professor Hu Angang disse que a China superará a "armadilha da renda média"-quando não se consegue entrar no mercado de alta tecnologia e perde-se a manufatura básica para países de mão de obra mais barata- e será superpotência em 2030.


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