São Paulo, terça-feira, 17 de julho de 2007

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Com US$ 190 mi, Bush reforça apoio ao governo Abbas

Presidente dos EUA alimenta visão do palestino moderado como única opção de solução para conflito com israelenses

Premiê de Israel promete ao líder do Fatah soltar 250 presos palestinos; apoio negado sob Hamas volta aos poucos com sua destituição

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou ontem que enviará mais de US$ 190 milhões neste ano em ajuda aos palestinos, principalmente ao governo de Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina. Bush afirmou ainda que convocará uma reunião entre a ANP, Israel e "os vizinhos árabes" para discutir o apoio internacional a Abbas. O americano não mencionou, porém, o local do encontro, que deve acontecer no início do segundo semestre e ser mediado por sua secretária de Estado, Condoleezza Rice.
Apesar da quantia ser baixa, os gestos são mais um passo da política que os EUA e Israel adotaram na tentativa de fortalecer o partido de Abbas, o laico Fatah, e isolar o islâmico radical Hamas.
A oportunidade de adoção dessa estratégia surgiu no mês passado, quando, após o fracasso de um incipiente governo palestino de coalizão entre o Fatah e o Hamas, o grupo islâmico expulsou militarmente os membros do Fatah que estavam na faixa de Gaza, passando a assumir o controle da região. Em resposta, o Fatah tocou para fora da Cisjordânia o pessoal do Hamas. Mais, Abbas destituiu o premiê Ismail Haniyeh, do Hamas, e montou outro governo, que o Ocidente vê como a ponta-de-lança para enfraquecer o grupo radical e tentar uma solução para o conflito israelo-palestino.
Segundo Bush, os palestinos têm de escolher entre o progresso e a liberdade, sob Abbas, ou "caos e sofrimento" sob o Hamas. Do dinheiro prometido por Bush, Gaza receberá indiretamente US$ 80 milhões.
Em mais um sinal de que casa esforços com os EUA, Israel anunciou ontem, por meio do premiê Ehud Olmert -que se encontrou em Jerusalém com Mahmoud Abbas-, que agilizará a soltura de 250 palestinos detidos em prisões israelenses. Anteontem Olmert já havia cancelado ordens de prisão para 180 palestinos ligados ao Fatah -que, em troca, prometeram abandonar armas.

"Vendido"
A estratégia, na qual Abbas embarcou, visa claramente mostrar ao povo palestino que a única esperança de paz futura reside no caminho que o moderado Fatah está seguindo: negociar com o Ocidente e Israel, abandonando a violência. No entanto o Hamas, que não aceita o Estado de Israel -o que rendeu ao seu governo, eleito em janeiro do ano passado, forte boicote israelense e de países do Ocidente-, tem do seu lado os que crêem que Abbas está se "vendendo" para os inimigos do povo palestino.
Os esforços para alavancar Abbas prosseguem: o Quarteto, grupo formado por EUA, União Européia, Rússia e Reino Unido e que tem a missão de mediar um acordo de paz entre israelenses e palestinos, reúne-se depois de amanhã em Portugal, com a presença de seu recém-apontado enviado para a região, o ex-premiê Tony Blair.


Com agências internacionais e o "New York Times"


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